Vidro serigrafado é solução sustentável para fachadas
Mais rápido e barato do que outras soluções, produto cria sombreamento, bloqueia o calor e filtra a entrada de luz, minimizando o uso de ar-condicionado
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
“O conceito de fachada envidraçada não é novo e a tecnologia do vidro, bem como a dos encaixes, dos recursos estruturais, das películas que absorvem os raios danosos à saúde estão evoluindo cada vez mais, principalmente na utilização em grandes estruturas”, afirma o arquiteto Sílvio Sant’Anna, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (FAU-Mackenzie). Em sua opinião, a preferência pelos vidros nos grandes centros urbanos ocorre porque a poluição é muito hostil e agressiva aos vários tipos de materiais de revestimento. “O vidro se mostra de uma eficiência incrível à corrosão provocada pelas intempéries e oferece uma infinidade de recursos artísticos ao arquiteto” diz.
Sant’Anna comenta que na Europa já existem vidros com curvaturas e que, cada vez mais, o material atende ao que os arquitetos procuram. “Há diversidade de cores e várias composições de películas, recursos que possibilitam criar projetos com eficiência energética”, diz.
A arquiteta Claudia Mitne, gerente de Marketing da GlassecViracon, diz que quando os empreendimentos comerciais optam pelas fachadas de vidro, estão tentando atender às exigências da certificação LEED e os arquitetos fazem seus projetos com design próprio para cada edifício. “A fachada é o rosto do edifício e o vidro serigrafado tem sido usado como elemento de diferenciação entre um projeto e outro. A serigrafia entra como item de sombreamento, bloqueia o calor e filtra a entrada de luz, propiciando bom desempenho da fachada e evitando o alto uso do ar-condicionado”, afirma.
EficiÊncia energÉtica
O professor Sant’Anna recorda que quando o conceito das peles de vidro foi introduzido na arquitetura, a grande questão que se colocava era exatamente a eficiência energética, pois formava verdadeiras estufas no ambiente interno. “Os vidros se apresentavam como o grande inimigo da sustentabilidade, pois a fachada envidraçada produzia calor, exigindo um sistema de ar-condicionado muito potente. Hoje, o vidro responde bem a essa questão. Existem películas reticuladas e sombreadoras que atendem à necessidade de conforto térmico”, afirma.
Claudia Mitne reforça que todas as fachadas em vidro devem apresentar desempenho térmico. Os arquitetos usam a serigrafia de acordo com o que pretendem para cada situação. “O profissional pode variar as texturas e as cores, para obter um design diferenciado e que atenda à proposta do projeto”, diz.
Serigrafia
Ela explica que existem dois tipos de serigrafia, o sistema padrão e o a laser. No padrão, o desenho é feito em tela e aplicado no vidro. No sistema a laser, o desenho em alta definição é copiado em programa de computador e segue para impressão, como ocorre na plotagem. A cor da tinta da serigrafia feita pelo método padrão ou por impressão digital não perde sua tonalidade com a incidência solar, porque a cerâmica se funde ao vidro com a ação do calor. A diferença entre uma e outra é apenas o método de impressão.
De acordo com Claudia, o sistema a laser tem sido bastante utilizado na decoração de ambientes internos dos edifícios, pela indústria automobilística e com menor intensidade no envelopamento dos prédios. “Normalmente os arquitetos utilizam os vidros serigrafados pelo sistema padrão para seus projetos. A aplicação de esmalte cerâmico permite criar um estilo diferenciado a partir de cores e desenhos variados. Os esmaltes coloridos têm sido muito utilizados para proporcionar aparência mais sofisticada aos edifícios”, afirma.
A serigrafia em vidro é utilizada em coberturas e fachadas, especialmente em frente a vigas. Internamente, possibilita a criação de ambientes sutis, arrojados ou neutros, em vários estilos.
TendÊncia
Claudia Mitne comenta que alguns arquitetos têm usado a serigrafia na chamada bandeira inferior dos andares, protegendo o ambiente interno numa altura de até 1,20 m e, também, na bandeira superior, para diminuir a incidência da luz. “Nos shopping centers, chega a ser uma tendência, pois 80% dos empreendimentos que estão sendo construídos aplicam a serigrafia em sua cobertura. São grandes panos de vidro com baixíssima reflexão, que passam a ter alto desempenho”, informa ao dizer que o objetivo é manter a iluminação natural, evitando reflexos e transmissão de calor. A serigrafia também está sendo utilizada em projetos hospitalares. “Todas as janelas do Hospital Albert Eistein, unidade das Perdizes, utilizam serigrafia nas janelas da fachada, garantindo desempenho térmico aos ambientes”, conta.
BenefÍcios
Para o professor Sílvio Sant’Anna, as fachadas envidraçadas se encaixam no conceito da sustentabilidade, pois o vidro tem a vantagem de ser um material reciclável que pode ser reutilizado em qualquer situação, o que facilita a obtenção de certificados verdes. “Sua manutenção é zero, precisando apenas ser limpo periodicamente. Não descasca, tem uniformidade incrível, não dá diferença de tonalidade, além de oferecer muitas opções de design aos arquitetos”. Para ele, o vidro é o produto mais vantajoso. “Ele custa menos do que o alumínio utilizado em sua estrutura de fixação. Além disso, seu processo construtivo é limpo, mais rápido e mais barato do que qualquer outra opção de fechamento de fachadas”, conclui.
COLABORaram PARA ESTA MATÉRIA
Silvio Stefanini Sant’Anna – Professor, Doutor, Arquiteto e Urbanista. - É professor de Projeto e representante das relações internacionais da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie (FAU Mackenzie). Foi professor do Centro Universitário de belas Artes e diretor do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)/Departamento São Paulo de 2006 a 2008). Atua desde 1988 como arquiteto sócio-proprietário da Vidal & Sant’Anna Arquitetura LTDA. É autor dos livros intitulados: Vila Barulho D’Água - um caso de arquitetura sustentável, pela Editora Pro. Pela Editora Mackenzie publicou os livros: Projeto Residencial Moderno e Contemporâneo - residências nacionais; e Projeto Residencial Moderno e Contemporâneo - residências internacionais.
Claudia Mitne – Graduada em Arquitetura pela Universidade de Mogi das Cruzes, com MBA em Administração de Marketing pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Tem 20 anos de experiência no setor de Construção Civil e 15 anos no mercado de vidros para arquitetura. É gerente de Marketing e Produtos da GlassecViracon.