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Vidros de proteção solar proporcionam ambientes claros e frescos

Tecnologia usada na fabricação do material emprega revestimentos que permitem conciliar dois aspectos fundamentais para a arquitetura tropical: alta transmissão de luz e baixo ganho de calor

Publicado em: 14/07/2016Atualizado em: 19/07/2016

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

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Os vidros adequam os índices de transmissão luminosa e fator solar (Peshkova/shutterstock.com)

Os vidros de proteção solar mostram a tendência da indústria por maior eficiência energética dos edifícios. O material começou a ser utilizado no Brasil por volta da década de 80, quando era chamado de vidro refletivo. Com o passar dos anos, a busca por sustentabilidade no setor somada à evolução da tecnologia de metalização do vidro permitiu a fabricação de produtos menos refletivos e, consequentemente, mais transparentes.

Em 2011, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a NBR 16023, que prevê requisitos, classificação e métodos de ensaio pertinentes aos vidros revestidos para controle solar, como foram tecnicamente chamados.

COMO FUNCIONAM

No processo de desenvolvimento dos vidros, os revestimentos exercem grande domínio sobre as propriedades térmicas e viabilizam soluções diversas, caracterizadas genericamente como vidros seletivos. Para confecção dos vidros revestidos para controle solar, a equação consiste em adequar a relação entre transmissão luminosa (luz visível) e fator solar (energia transmitida e absorvida). “Na prática, o processo busca obter um vidro capaz de conciliar os dois aspectos mais desejados pela arquitetura brasileira atualmente: alta transmissão de luz e baixo ganho de calor”, esclarece Felipe Aceto Ferraz, diretor técnico da Avec Design

Por mais seletivo que seja um vidro, ele sempre será menos transparente que um vidro incolor ou qualquer outro com enfoque na transparência
Felipe Aceto Ferraz

Dessa forma, os vidros de proteção solar proporcionam benefícios energéticos às edificações, reduzindo o consumo de eletricidade, pois tornam menos necessário o uso de sistemas de climatização e iluminação artificiais. O produto é indicado para fachadas de edifícios, mas pode não ser a melhor opção quando se quer visuais mais transparentes.

“Em locais onde se deseja a máxima transparência, será necessário abrir mão do controle solar. Por mais seletivo que seja um vidro, ele sempre será menos transparente que um vidro incolor ou qualquer outro com enfoque na transparência”, afirma Ferraz.

Embora apresentem níveis menores de transparência em relação aos vidros sem controle solar, eles ampliam o panorama interno da edificação. “Reduzem problemas de ofuscamento e o uso excessivo de cortinas que bloqueiam a vista da paisagem”, diz Rebeca Andrade, especificadora técnica da PKO do Brasil.

ESCOLHA DEVE ATENDER AO PROJETO

Após adquirirem a camada metalizada na fábrica, as chapas de vidro recebem o beneficiamento e a composição que correspondem ao projeto onde serão instaladas. Como essa diversidade de combinação gera diferentes produtos de controle solar no mercado, o ideal é que a especificação fique sob análise de um profissional especializado em vidros.

Os vidros de proteção solar mais claros, que permitem maior passagem de luz, são ideais para ambientes residenciais, ambientes de circulação, lojas, entre outros
Rebeca Andrade

“O que irá determinar qual produto será utilizado é o tipo de uso, a quantidade de iluminação que se deseja obter, o quanto de calor se deseja bloquear, a orientação da edificação em relação ao sol e o clima de onde a obra está inserida, além do efeito estético que se deseja obter”, justifica Andrade.

De acordo com a especificadora, a falta de conhecimento na determinação do vidro pode comprometer os benefícios previstos no projeto. “Os vidros de proteção solar mais claros, que permitem maior passagem de luz, são ideais para ambientes residenciais, ambientes de circulação, lojas, entre outros. Entretanto, se aplicados em coberturas de áreas de descanso ou de refeição, podem causar ofuscamento em excesso com a intensa entrada da luz solar na zenital, gerando desconforto aos usuários do espaço”, explica.

BENEFICIAMENTO COMPLEXO

Existe um desafio para beneficiar o vidro de forma a equilibrar transmissão de luz e redução de calor. A atividade deve considerar fatores espectrofotométricos, como absorção térmica, transmitância e emissividade, além de questões de conforto térmico ditadas por aspectos humanos.

A complexidade justifica o fornecimento restrito do material, prazos maiores de entrega e custos elevados. “Para os vidros mais consumidos, existem estoques em forma de chapas monolíticas. Já os vidros especiais, de menor consumo, são feitos sob demanda e podem até exigir lotes mínimos para produção”, contextualiza Ferraz.

A especificação do tipo de vidro deve levar em conta a norma técnica NBR 7199, que indica se o vidro deve ser monolítico, temperado, laminado ou insulado. Cada fabricante possui uma separação de famílias de produtos para organizar os tipos de vidro de proteção solar que vão se diferenciar na cor, nível de refletividade, nível de luminosidade e nível de bloqueio de calor.

Essa tecnologia [películas de PVB em vidros laminados] pode diminuir até 83% do calor proveniente da radiação solar
Elvira Neves

PELÍCULAS DE PROTEÇÃO

Uma das soluções utilizadas para o beneficiamento dos vidros de proteção solar são as películas e os filmes especiais. “Eles possuem diferentes tecnologias de construção e composição de camadas que permitem oferecer um amplo controle de diferentes raios do espectro de luz, corroborando a seletividade do vidro”, informa Elvira Neves, gerente comercial de Advanced Interlayers para América Latina da Eastman.

Para viabilizar alta transmissão de luz e baixo ganho de calor, geralmente se utilizam películas de PVB em vidros laminados, combinação que dissipa o calor no ambiente externo do vidro e reduz sua entrada no ambiente. “Essa tecnologia pode diminuir até 83% do calor proveniente da radiação solar”, revela Neves.

Ainda assim, as películas podem não atender aos anseios de sua aplicação caso sejam utilizadas sem especificação adequada. Isso porque elas também apresentam variáveis no que tange o comportamento de absorção e rejeição de energia.

Também é recomendado o uso de películas que oferecem proteção contra a ação de raios UV nos ambientes, que podem provocar doenças de pele e aumentar o desgaste e a perda mecânica dos materiais.

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Colaboração técnica

Elvira Neves – gerente comercial de Advanced Interlayers para América Latina da Eastman.
Felipe Aceto Ferraz– diretor técnico da Avec Design.
Rebeca Andrade – especificadora técnica da PKO do Brasil.