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Volvo investe no Brasil

Presidente da empresa para a América Latina comenta sobre o investimento na ampliação da fábrica em SP e a importância do mercado brasileiro para o setor.

Publicado em: 08/12/2010

Texto: Redação AECweb

Entrevista: Yoshio Kawakami

Volvo investe no Brasil

Redação AECweb

Fabricante de máquinas e equipamentos para construção civil, a Volvo Construction Equipment acaba de anunciar investimento de U$ 10 milhões na ampliação de sua fábrica, em Pederneiras, interior de São Paulo. O principal objetivo foi nacionalizar a produção das escavadeiras hidráulicas e permitir que a compra seja financiada pelo Finame. Yoshio Kawakami, presidente da empresa para a América Latina, fala ao AECweb sobre esse equipamento ágil, que faz a um só tempo a escavação e o carregamento do material até o transporte. Em meio a muitos números, ele revela a importância do mercado brasileiro para os produtores do setor e o papel da China hoje, “impensável até 15 anos atrás”, diz.

AECweb – Qual o investimento da Volvo na planta brasileira?
Kawakami - Nossa fábrica em Pederneiras, interior de São Paulo, existe há 35 anos, produzindo carregadeiras, caminhões articulados, motoniveladora, compactador de solos e minicarregadeiras. Já realizava a produção de escavadeiras hidráulicas, mas sem sua nacionalização plena, com componentes importados principalmente da Coréia, onde temos a fábrica principal de escavadeiras. Agora, fizemos um investimento de U$ 10 milhões, complementar ao que fazemos anualmente, para a nacionalização plena de três modelos de escavadeiras: de 14 toneladas, a EC140B Prime; de 21 toneladas, a EC210B Prime; e outra, um pouco maior, que é a EC240B Prime com capacidade de 24 toneladas.

AECweb – Essas máquinas já estão disponíveis para aquisição?
Kawakami - No inicio do próximo ano, estaremos oferecendo, no Brasil, as escavadeiras já com conteúdo local, inclusive permitindo a utilização de financiamento pelo Finame. Esse tem sido um fator bastante importante no mercado brasileiro, porque o crédito privilegiado do Finame se tornou uma alavanca de crescimento do segmento de máquinas - no caso das escavadeiras, não tínhamos essa possibilidade. Estimamos que o ano termine com a venda, na América Latina, de cerca de 35 mil máquinas – desse total, o Brasil responderá pela compra de 23 mil unidades.

AECweb – Como está o mercado das escavadeiras hidráulicas?
Kawakami - No ranking brasileiro de vendas de máquinas, o primeiro lugar cabe às retroescavadeiras com 34% do mercado e, logo em seguida, às escavadeiras hidráulicas com 17%. São dados acumulados entre janeiro e setembro, portanto, informações bem atuais que mostram que já as escavadeiras hidráulicas estão ganhando terreno. Na Volvo, as escavadeiras representam 24% do total de unidades vendidas.

Volvo investe no Brasil

AECweb – Por que e quais setores utilizam as escavadeiras?
Kawakami - São máquinas de utilização bastante ampla, universais e muito produtivas. Sua introdução no mercado é mais recente, se comparada a outras, como a carregadeira, retroescavadeira, motoniveladora. O crescimento do seu uso decorre do fato de terem funções simultâneas de escavação e carregamento do material no veiculo de transporte - num caminhão, num trem. São amplamente utilizadas nas obras de construção pesada, desde hidrelétricas e barragens até rodovias. As máquinas menores dessa linha são apropriadas para fundações de edifícios nas cidades.

AECweb – Essas máquinas estão no portfólio do mercado de locação?
Kawakami - Se considerarmos todo o tipo de máquina que se vende no Brasil, a maior proporção cabe ao segmento de construção pesada – algo em torno de 45%. O segundo lugar fica com o segmento de locação, responsável por absorver 25% das máquinas comercializadas no país, tanto de locadores independentes, quanto os vinculados à distribuidores de equipamentos. Em 2010, por força de um calendário político de investimentos públicos em relação aos últimos anos, o volume de máquinas vendidas para esse segmento cresceu cerca 20%. O que caiu foi a participação da mineração que respondeu por 5%, indústria por 3% e agricultura por 2%.


AECweb – A Volvo atua na locação?
Kawakami - Não, exceto quando se trata de algum equipamento muito especial que não caberia numa frota normal de locadoras. Trabalhamos com locadoras que pertencem aos distribuidores da Volvo e também com locadoras independentes.

AECweb – E qual a posição da empresa no ranking geral do país?
Kawakami - A Volvo é o quarto colocado no ranking brasileiro. Somos bastante fortes em produtos mais tradicionais como carregadeiras, caminhões articulados e motoniveladoras – e, agora, as escavadeiras hidráulicas. Participamos do mercado de compactação, que é um negócio mais recente. E, também, com as máquinas compactas, como as retroescavadeiras, produzidas no México; minicarregadeiras, feitas no Brasil; e miniescavadeiras que vêm principalmente da Coréia e Alemanha. Hoje temos bom nível de capacidade instalada na fábrica de Pederneiras que, com o investimento feito de U$ 10 milhões, produzirá mil unidades/ano de escavadeiras hidráulicas. Serão consumidas no Brasil e países da América Latina.

AECweb – O ano foi bom para a Volvo?
Kawakami - Em 2010, o crescimento acumulado do faturamento entre janeiro e setembro deste ano, na América Latina, é de 77% sobre 2009. Deveremos fechar o ano com índice superior a 2008, que foi recorde, com U$ 520 milhões de faturamento. Tudo indica que alcançaremos o maior volume já comercializado no continente, com 4 mil unidades de máquinas na América Latina, das quais provavelmente 2,5 mil seriam somente no Brasil. O país representa a grande alavanca de crescimento, que compensou a queda em outros países da América Latina. Não só a Volvo, mas toda a indústria teve um crescimento bastante interessante esse ano.

AECweb – No mundo, quais os países que mais compraram em 2010?
Kawakami - De longe, a China. Para a Volvo, a China é o mercado mais importante, representando 58% do volume comercializado. O país responde sozinho por aproximadamente 50% do mercado mundial, com 300 mil máquinas/ano. Essa era uma situação impensável até 15 anos atrás, a China sequer constava no mapa de grandes produtores. No caso da Volvo, há praticamente uma igualdade entre a Coréia e o Brasil. O Brasil se transformou num dos mercados mais importantes do mundo, sendo responsável por 5% do total das unidades vendidas por nós no mundo.

Volvo investe no Brasil

AECweb: Qual a perspectiva da Volvo em relação ao Brasil?
Kawakami - O Brasil deve continuar crescendo em 2011 e contamos com um pouco de recuperação da América Latina, que tende a ser a região proporcionalmente mais importante do que foi no passado. Só para se ter uma idéia, no ano de 2008 para a Volvo, o Brasil representava 2% do total de vendas, a China 30% e a América do Norte 6% - América do Norte já sofria uma crise bastante dramática na segunda metade daquele ano. Em 2010, a China representa 58%, o Brasil 5% e a América do Norte 4% - estamos falando de Canadá e Estados Unidos juntos.

Redação AECweb