2010 foi o melhor em 15 anos para construção civil em Pernambuco
Números mostram fortalecimento sobretudo com classe mais baixa
10 de janeiro de 2011 - Números da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) mostram que houve um crescimento de 570% no número de unidades residenciais comercializadas na Região Metropolitana do Recife (RMR) comparando os meses de janeiro de 2009 e janeiro de 2010 - de 192 imóveis no primeiro para 1.106 no segundo. No comparativo entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010, o crescimento foi de mais de 258% - chegando a 428 unidades comercializadas. Em resumo, assim que forem divulgados os números (o que deve acontecer ainda neste mês, segundo a Fiepe), 2010 pode ser confirmado como o melhor em 15 anos de pesquisa.
É o grande crescimento no setor da construção civil, em todas as suas áreas. "O ano de 2010 apresentou números recorde no mercado imobiliário, tendo por resultado o maior volume de vendas de imóveis das últimas três décadas no Brasil", analisa o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de Pernambuco (Sindimóveis), Paulo Rodrigues. A análise da Fiepe mostra ainda que 2010 foi especialmente favorável às vendas de imóveis em estágio de construção. De janeiro até setembro, os imóveis negociados na RMR chegaram a 6.945 unidades, a maioria em fase de fundação (41,3%) ou planta (29,8%).
Esse estudo aponta que a procura é maior para imóveis com dois e três quartos, uma vaga na garagem e financiamento longo, de até 360 meses. Segundo o diretor Comercial da construtora Rio Ave, Álvaro Ferreira da Costa, a maior demanda do mercado hoje é por imóveis com valor entre R$ 60 mil e R$ 200 mil. "A parcela que cabe no bolso do consumidor é fator determinante", analisa. Otimista, o empresário prevê ainda crescimento contínuo nos próximos cinco anos para o setor. "A indústria da construção civil é uma alavanca, movimenta toda cadeia produtiva", comenta.
Em Pernambuco, todas as faixas de poder aquisitivo têm promovido a alta da demanda por imóveis, segundo o diretor Executivo da Duarte Construtora, Fernando Duarte. Especialmente nas camadas mais baixas da população. "Isso, de certa forma, inibe uma eventual especulação de crise. Os recursos são consistentes", diz, referindo-se, por exemplo, do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Apoio ao Trabalhador (FAT). "Não vejo possibilidades de crises no setor dentro do que hoje se pratica e como ele está proposto. As classes que mais adquiriram imóveis foram as de renda entre zero e seis salários mínimos", diz.
Daqui a cinco anos, acredita Fernando Duarte, a indústria da construção civil vai continuar consistente em suas linhas de financiamento e ainda será responsável pela concessão de crédito ao setor. "É promissor se atender a capacidade de pagamentos das classes menos favorecidas, onde se encontram as grandes demandas. Tudo isso, aliado a um forte investimento em infraestrutura, que é o grande gargalo para expansões imobiliárias nas grandes cidades". Para o Paulo Rodrigues, com as pesquisas mostrando que o Brasil é o segundo melhor lugar do mundo para valorização de capital, atrás apenas dos Estados Unidos, o Nordeste tem lugar de destaque para o setor imobiliário. "Tais fatos mostram que há no Estado uma nova lógica de mercado imobiliário, não apenas ancorada no ambiente favorável aos negócios, mas também na ampliação do crédito ao consumidor".
Fonte: Folha de Pernambuco - PE