Ações de construtoras a preço de ‘cafezinho’
No intervalo entre R$ 1,02 e R$ 10,08 (cotações da última sexta-feira) se concentram as ações de 18 construtoras e incorporadoras com mais liquidez na Bovespa
16 de março de 2009 - O preço das ações de construtoras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo caiu tanto que, com R$ 2, valor de um cafezinho, é possível comprar papéis de, pelo menos, oito delas. Com R$ 4, pouco mais que um capuccino, entram na escolha ações de outras cinco empresas. E, com R$ 10, compram-se papéis de todas as outras empresas do setor com média diária de negócios superior a R$ 100 mil. Os investidores, no entanto, não devem se empolgar com os preços reduzidos.
No intervalo entre R$ 1,02 e R$ 10,08 (cotações da última sexta-feira) se concentram as ações de 18 construtoras e incorporadoras com mais liquidez na Bovespa. Esses preços são surpreendentes se comparados aos valores de lançamento em 2006 e 2007, quando das ofertas públicas iniciais (IPOs). Atualmente, a mais barata - Klabin Segall (ON) - foi lançada por R$ 15 e os papéis da Abyara, que valem R$ 1,67, saíram por R$ 25.
Construtoras e investidores tinham expectativa de lucros elevados, diz o chefe de análise da corretora Link, Andrés Kikuchi. Antes da crise, as boas perspectivas para a economia e o elevado déficit habitacional projetavam crescimento para o setor. Com a redução do crédito e a retração da economia, as vendas caíram e os resultados das empresas pioraram. A ação da Klabin Segall, por exemplo, perdeu 87,6% desde setembro de 2008.
O número de imóveis é grande e a velocidade de vendas caiu, diz Kikuchi, que descarta uma virada no curto prazo, apesar do plano de estímulo do governo Lula para o setor.
As empresas estão mal, mas nada impede que fiquem pior, diz a analista da gestora Global Equity, Mariana Gonçalves. Segundo ela, quem manteve as ações deve segurá-las mais um pouco. Há chance de queda mais forte dos juros, o que melhora o crédito e a perspectiva para o setor, explica. Para quem não investiu, é melhor esperar. Todo mundo quer comprar no fundo do poço, mas é impossível saber se ele chegou, afirma, alertando ainda que, quando a economia melhorar, o setor de construção não será o primeiro a decolar.
Fonte: O Estado de S. Paulo - SP