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Ações de varejo e construção podem voltar a atrair investidor

Texto: Redação AECweb

Setores são apontados como alternativas de aporte na renda variável

27 de Janeiro de 2009 - A queda da taxa básica de juros e a consequente retração da taxa real podem voltar a beneficiar alguns setores econômicos que saíram da pauta de investimentos aos primeiros sinais de redução de crédito no País. Altamente dependentes de financiamento e do nível de confiança do consumidor, varejo e construção são apontados por analistas e gestoras como alternativa de aporte na renda variável.

"A redução de juros atinge em cheio o desempenho desses dois setores", diz Fausto Gouveia, da equipe de análise da Infra Asset Management. O primeiro impacto da redução da Selic, destaca o economista, foi camuflado nas ações brasileiras pelo mau desempenho das bolsas de valores no exterior e indicadores nos Estados Unidos. Mas podem despontar conforme as primeiras medidas do novo governo norte-americano e também do governo brasileiro comecem a surtir efeito."Até a siderurgia pode ter algum benefício, já que vende para a produção de linha branca. Com o custo menor do financiamento da geladeira, a venda no varejo pode melhorar e a fornecedora se beneficia por tabela", avalia Gouveia.

Nesta linha, Mauro Calil, professor de educação financeira do Calil & Calil Centro de Estudos e Formação de Patrimônio, considera que até o setor bancário pode se beneficiar. "Se por um lado a redução das taxas pode apertar a margem de lucro, o valor mais baixo tende a atrair mais empresas e consumidores para o financiamento", diz.

Para a equipe da XP Investimentos, uma melhora na atividade econômica aliada ao ciclo de queda de juros permitirá ao investidor partir da divisão chamada defensiva - que inclui as empresas que têm maior previsibilidade de geração de caixa, como as distribuidoras de energia elétrica - para o que define como "cíclico doméstico". Na categoria, estão empresas que dependem de fatores exógenos, mas centradas no mercado doméstico. A terceira divisão, a cíclica global, é considerada a mais arriscada.

Apetite pelo risco
Além do impacto operacional que o ciclo de redução da Selic pode trazer para as empresas, a taxa de juros é considerada o custo de oportunidade para a bolsa de valores. Na teoria, a queda de juros no longo prazo torna o investimento em ações mais atrativo não só porque barateia a captação de recursos e permite retomada do crédito, mas porque fica menos interessante aplicar em renda fixa, abrindo o apetite por risco.

Por isso, as avaliações são feitas considerando não só o corte agressivo de 1 ponto percentual feito na última reunião do Comitê de Política Monetária. A direção estimada pelo mercado é precificada no mercado futuro - os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2010 têm apresentado revisão consecutiva para baixo. Abriram 2009 projetando juro anual de 12,16% e ontem negociavam a 11,38%. Mesmo em um horizonte um pouco maior há ajuste na curva de juros: o contrato com vencimento em 2012 apontava juro de 11,77%, contra 12,23% no início do ano.

Só a expectativa faz a engrenagem funcionar, já que a bolsa também antecipa movimentos. O desempenho recente dos papéis sugere mais otimismo aos papéis de varejo. As ações do Grupo Pão de Açúcar iniciaram trajetória de alta no dia 22, repercutindo a definição do Copom na noite anterior. Mesmo Lojas Americanas, que teve preço-alvo revisado negativamente por corretoras, são negociadas acima do patamar da primeira quinzena de janeiro.

Na construção, mesmo as líderes Cyrela Brazil Realty e Gafisa não deslancharam. O setor é considerado mais "delicado", até pelo excesso de ações na BM&F Bovespa, mas também contribuiu para o receio do investidor a revisão feita há uma semana pela Fitch Ratings. A agência rebaixou de uma só vez a nota de cinco incorporadoras. "A Selic é um norte as ações, mas o investidor deve acompanhar dados como venda de cimento, produção de aço longo e balanços, antes de investir", aconselha Calil.

Fonte: Gazeta Mercantil, 27/jan

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