Amanco amplia a produção em 20%
Empresa ampliou em 75% sua verba publicitária e deve investir cerca de R$ 60 milhões em marketing este ano
16 de fevereiro de 2009 - Em meio às notícias de demissões em massa, retração econômica e crises sem paralelo em diversos setores, a Amanco, segunda maior fabricante de tubos e conexões no Brasil, decidiu que esta é a hora para ampliar sua capacidade de produção. Prevendo um crescimento de 22% no volume de vendas este ano, a companhia controlada pelo grupo mexicano Mexichem está investindo na compra de máquinas e equipamentos para expandir para 150 mil toneladas sua capacidade de produção nas quatro fábricas que tem no país, um aumento de 20%.
Os planos da empresa, que registrou um aumento de 34% em sua receita em 2008 sobre 2007 atingindo US$ 440 milhões, não se resumem apenas em expandir a capacidade produtiva. A Amanco ampliou em 75% sua verba publicitária e deve investir cerca de R$ 60 milhões em marketing este ano. A maior parte desses recursos serão aplicados em uma estratégia de divulgação da marca em rádio e televisão, mais especificamente em eventos ligados a futebol.
A Companhia chegou ao país em 2006 prometendo tomar o primeiro lugar do setor da catarinense Tigre em cinco anos e garante que ainda não sentiu nenhum efeito da crise que instalou-se mundo afora e também no Brasil. "Crescemos 16% em vendas no mês de janeiro quando comparamos com o mesmo período do ano passado", diz Marcos Bicudo, presidente da empresa no Brasil. Para ele, o país foi, de certo modo, beneficiado pela retração econômica que se observa nos últimos quatro meses. "O setor vinha em um ritmo tão agressivo que seria inevitável uma inflação de demanda, isso já estava acontecendo antes de outubro e a crise vai servir para que todos se reorganizem", diz.
A decisão de investir R$ 51 milhões em expansão das unidades produtivas faz parte desse plano de "reorganização" da Amanco. A companhia operou no ano passado com 82% de sua capacidade instalada, índice alto demais na opinião do executivo. "Isso é média, quando excluímos os momentos de baixa sazonal vemos que nós operamos no limite", diz o executivo.
Neste momento a Amanco não planeja ampliar o número de unidades fabris. As duas fábricas de São Paulo e as outras duas de Santa Catarina, com os investimentos que estão sendo feitos na compra de novos equipamentos, serão suficientes para atender a demanda de 2009. "O mercado estima crescer 11%, mas nós acreditamos que vamos crescer o dobro disso, a indústria da construção não parou e os sinais são de que ela continuará a crescer com vigor", afirma. Bicudo baseia sua opinião no grande contingente de brasileiros que migraram das classes D e E para a classe C, o aumento do crédito e o déficit habitacional de oito milhões de residências no país.
Mesmo com o crescimento exponencial das grandes construtoras, mais de 80% do mercado de construção civil no Brasil ainda está concentrado no varejo. "As grandes podem estar sentindo porque a classe média está tendo restrições ao crédito, mas as camadas mais populares, que são quem realmente movimenta a indústria no país, continuam construindo, não observamos nenhuma retração", disse.
O investimento da Amanco não foca apenas o crescimento do mercado. Todo o esforço de marketing e o aumento da escala também estão ligados diretamente ao objetivo da companhia de ganhar mercado de sua maior concorrente na América Latina, a Tigre. A Amanco garante que o único país em que não é líder de mercado é o Brasil. "Estamos na contramão da crise porque o Brasil é estratégico para nosso acionista, queremos ser os líderes aqui também", diz Bicudo.
De acordo com o presidente da companhia, no ano que vem ou, no máximo, em 2011, a Tigre será superada. A companhia catarinense afirma ter mais de 50% do mercado brasileiro e de liderar o segmento de tubos e conexões na América Latina. No país o setor não é auditado por nenhum órgão independente e não é possível saber com exatidão a fatia de mercado que cada uma das duas empresas possui.
Fonte: Valor