Após três cortes mensais, serviços e construção civil voltam a criar vagas em SP
Ao lado dos serviços domésticos e outras atividades relacionadas, construção criou 44 mil postos de trabalho em abril; setor de serviços gerou 56 mil postos
26 de maio de 2011 - Desde janeiro, os setores de serviços e da construção civil vinham cortando vagas no mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo. No entanto, em abril, os dois segmentos viraram o jogo e foram responsáveis por interromper uma série de três altas mensais consecutivas da taxa de desemprego da capital paulista, aponta a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) divulgada na última quarta-feira (25).
No mês passado, o setor de serviços criou 56 mil vagas de trabalho na capital paulista e nas cidades que ficam no entorno. Ao mesmo tempo, a indústria repetiu o desempenho de março, quando fechou 30 mil vagas, e acabou com mais 38 mil vagas em abril. Para Alexandre Loloian, economista da Fundação Seade, esse corte dos postos de trabalho na indústria é normal para as grandes cidades brasileiras. “É uma tendência de regiões conurbadas como a região metropolitana de São Paulo. A tendência é que a São Paulo ‘transporte’ parte da indústria para áreas mais próximas. Se você olha o Estado de São Paulo, existe uma relativa desconcentração industrial, sobretudo por causa da legislação ambiental. Então, a tendência é que aumente a participação do segmento de serviços [na Grande São Paulo]”.
Loloian explica que, apesar de as vagas da indústria estar relativamente em baixa na cidade de São Paulo, as principais cidades do Estado estão abocanhando esses postos de trabalho. “Essa desconcentração da indústria não é algo absolutamente sem critério. Se você pega o quadrilátero formado por Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e Baixada Santista, com a região metropolitana no meio, aí tem mais de 80% da população, da PEA [População Economicamente Ativa] e do PIB [Produto Interno Bruto] de todo o Estado de São Paulo. Ribeirão Preto e São José do Rio Preto também têm pequena participação”.
Construção civil
Assim como o setor de serviços, a categoria "outros serviços", que engloba a construção civil, também teve saldo positivo de empregos na passagem de março para abril, segundo o Dieese/Seade. Ao todo, foram criadas 44 mil vagas de trabalho. “Em São Paulo, não conseguimos identificar o que provocou a retomada dos empregos na construção civil em abril, mas tem muito a ver com o investimento em infraestrutura”.
O economista prevê que as vagas no setor deverão aumentar ainda mais nos próximos meses, já que os investimentos públicos nas regiões metropolitanas devem continuar em alta. “A participação da construção civil no emprego ainda é muito pequena no Brasil e é menor que em outros países onde a ‘coisa’ da construção residencial e de infraestrutura é muito forte. Quando tivermos um ritmo descente de investimentos em portos, ferrovias, rodovias, saneamento e moradia, a tendência é o setor crescer”.
Fonte: R7 - SP