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As estratégias das empresas da construção para enfrentarem a crise financeira

Texto: Redação AECweb

Mudanças são fundamentais para garantir a sobrevivência no mercado

9 de fevereiro de 2009 - O ciclo de crescimento pirotécnico expirou, e a construção civil brasileira integra, desde o final de 2008, uma nova realidade de cautela e ponderação. Poucos se arriscam a antever com certezas que caminho o mercado vai tomar. Entre opiniões otimistas e moderadas, se sobressai a convicção de que o planejamento estratégico das companhias precisa ser refeito.

Construtoras e incorporadoras seguem à frente das empresas para cuja sobrevivência as mudanças são fundamentais. Foram elas (sobretudo as de grande porte e capital aberto) que primeiro divulgaram medidas de adaptação ao novo panorama que se desenhou em setembro do ano passado. A ação mais adotada naquele momento: revisões do guidance de 2009, a meta dos lançamentos imobiliários. Houve quem os ceifasse pela metade.

Reduções e adiamento de projetos continuam sendo praticados para prevenir de instabilidades. Também ganham corpo providências estendidas às várias nuances do negócio - do marketing ao nicho de atuação da empresa, da política de banco de terrenos ao quadro de recursos humanos.

Para evitar desaceleração nas vendas, por exemplo, a paulista Goldfarb implantou estratégia agressiva de promoções, que inclui entrega de carros e sorteios de apartamentos. Além disso, estabeleceu mecanismos de reforço à segurança dos mutuários, como parcelas fixas ao longo da obra, garantia de recompra das unidades (sem deságio) e tolerância de até quatro meses à inadimplência. Também investiu pesado em publicidade, com direito a aparições na maior emissora nacional de televisão, em horário nobre.

Os esforços em manter o interesse dos compradores se justificam. De um lado, a crise desarma a confiança do público e ameaça a estabilidade de emprego - o que afasta os consumidores dos longos financiamentos imobiliários, de até 30 anos. Por outro lado, a ambientação receosa estimula bancos a intensificarem o rigor na análise dos tomadores.

Diante da imprevisibilidade do mercado, fomentar reservas e fortalecer o capital de giro têm sido práticas comuns. O modo como buscam essa segurança é que varia. A Inpar, presente em 17 Estados, optou por vender três de seus edifícios comerciais, localizados no Morumbi e Itaim Bibi, bairros de alto padrão em São Paulo. Com isso, acrescentou R$ 100 milhões ao caixa.

Outra incorporadora presente em todo o País, a Abyara seguiu um viés mais delicado: cortou 40% da folha de pagamento - segundo estimativas, o equivalente a cerca de 100 funcionários e R$ 1,5 bilhão em redução de custos. Além disso, vendeu projetos em parcerias com outras empresas (oito, ao todo, o que rendeu R$ 40 milhões) e se desfez de aproximadamente R$ 150 milhões em terrenos.

Para completar, a companhia fechou regionais no Rio de Janeiro e no Nordeste (transferidas para São Paulo) e suspendeu lançamentos "até que a demanda por novos produtos imobiliários e a disponibilidade de linhas de crédito sejam restabelecidas", conforme assinalado em comunicado oficial. Foi um dos conjuntos de atitudes mais drásticos a que o mercado assistiu - explicado também pelo endividamento operacional negativo anterior à turbulência na economia.

Fonte: Construção Mercado - Por Thiago Oliveira

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