Atividade da construção civil dá sinais de acomodação
Em março de 2010, o indicador fechou em 55,8, em claro sinal de um setor aquecido
04 de maio de 2011 - O indicador do nível de atividade da indústria da construção civil, medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), avançou para 49,9 em março. Depois de fazer 47,2 pontos em janeiro e 49 em fevereiro, o índice começa a ficar perto da marca de 50, o que sinaliza um nível de atividade próxima à usual, ou uma acomodação do setor. Índices abaixo de 50 apontam redução de atividade e, acima, uma aceleração. É perceptível, porém, a desaceleração com relação ao mesmo mês do ano passado. Em março de 2010, o indicador fechou em 55,8, em claro sinal de um setor aquecido.
A pesquisa também mostrou queda nos indicadores de expectativa com relação aos próximos seis meses. Ainda assim, os níveis continuam cerca de 10 pontos acima de 50, o que aponta um otimismo dos empresários do setor.
A pesquisa mostrou que, depois de um ano de aquecimento muito forte, em que a atividade da construção civil cresceu a cada mês, 2011 será de desaceleração. "Certamente será um ano pior se comparado com o anterior, em que o setor estava superaquecido", afirmou o gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato Fonseca.
Segundo ele, o setor foi beneficiado em 2010 pelo crescimento da classe média, programas governamentais de moradia e facilidade para obter financiamentos. Desde o fim do ano passado, entretanto, a construção civil sente a desaceleração. "O acesso ao crédito começa a reduzir e o consumidor está um pouco mais cuidadoso com relação ao crescimento da renda e preocupado com a inflação", disse.
Em março, o setor de infraestrutura foi o principal responsável pela queda do indicador da construção civil. O nível de atividade do segmento ficou em 45,9 pontos, menor nível da série histórica iniciada em dezembro de 2009. No mesmo período do ano passado, o índice ficou em 53,6 pontos. As obras, segundo a CNI, foram prejudicadas pela situação climática e também pela reorganização dos projetos em nível federal e estadual, devido às eleições. A desaceleração do começo do ano pode ser, assim, sazonal, o que não é possível confirmar porque a série histórica ainda é curta.
O alto custo da mão de obra voltou a ser um dos principais problemas apontados pelos empresários da construção civil, assinalado por 31% deles na pesquisa, diante de 27,4% no último trimestre de 2010. A preocupação com o preço da matéria-prima passou de 10,9% para 13,7%. Já a preocupação com a inadimplência subiu de 12,5% nos últimos meses de 2010 para 26% de janeiro a março deste ano.
Fonte: Valor Econômico - SP