Baixa oferta de imóveis faz o preço do aluguel disparar
Escassez de oferta de imóveis não está relacionada apenas ao aumento da procura, mas também a baixa produção de imóveis para o perfil de renda baixa
27 de abril de 2010 - O percentual é quatro vezes maior do que a variação de 1,94% do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) no período, utilizado como base de reajuste de 90% dos contratos antigos.
Com o aumento, um imóvel que podia ser alugado por R$ 1.000 há um ano, passou a ser oferecido no mercado por R$ 1.100 em março. Já os contratos de inquilinos com aniversário em março e com correção pelo IGP-M passaram para R$ 1.019,40, diferença de R$ 80,60. O levantamento do Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo foi obtido pela Folha.
Na comparação mensal, houve variação de 2% ante fevereiro, a maior desde julho de 2008. O vice-presidente de gestão patrimonial e locação do Secovi, Francisco Crestana, destaca que a recuperação da renda com aluguéis vem ocorrendo nos últimos anos após uma década de estagnação. "Um dos principais fatores para o aumento dos preços é a baixa oferta de imóveis. Por muitos anos, os proprietários foram desestimulados a colocar as unidades no mercado e muitos preferiram deixar eles fechados".
Segundo a Administradora e Imobiliária ORG, com as recentes mudanças na Lei do Inquilinato, espera-se que os donos de imóveis voltem a alugar, o que poderá fazer com que esses aumentos desacelerem. "Além disso, há unidades que estão em construção e que também poderão ser oferecidas para locação", afirma João Carlos Jimenez, dirigente da ORG.
No mês passado, o fiador foi a garantia utilizada em metade dos contratos de imóveis analisados na capital, seguido pelo depósito em dinheiro ou caução (30%) e pelo seguro-fiança (20%). A pesquisa do Secovi mostrou também que casas e sobrados demoraram entre 10 e 27 dias para serem alugados, enquanto os apartamentos, de 16 a 34.
Embora o momento econômico seja favorável ao setor, com o aumento da renda da população e do consumo, esse cenário está ocorrendo, porque o mercado de locação, ao contrário do de vendas, passa por um período em que as unidades disponíveis não são capazes de atender a demanda. Pode-se observar o reflexo do aumento da renda na demanda por locação. Nas áreas periféricas houve redução de preços, enquanto que nas áreas centrais notou-se um aumento.
"Há quatro ou cinco anos atrás havia imóveis sobrando, hoje há dinheiro e demanda, mas o mercado não expande por falta de unidades. Essa situação é devido a fatores, como a migração de pessoas das regiões periféricas para as áreas centrais e famílias que moravam em uma só residência e agora estão conseguindo separar os lares", justifica João Carlos.
A escassez de oferta de imóveis não está relacionada apenas ao aumento da procura, mas também a baixa produção de imóveis para o perfil de renda baixa. Nos últimos anos, a oferta de imóveis novos de um ou dois dormitórios, a mais procurada por essa fatia da população foi muito tímida.
Outro ponto importante para Horta é que não falta habitação para quem tem milhões para gastar, mas a queda na procura fez com que as construtoras desacelerassem o ritmo de projetos para a classe A e se voltassem para os imóveis de dois dormitórios. "Por mais que o boom imobiliário esteja se recuperando, o grosso das vendas de imóveis é de unidades ainda em construção, o que poderá levar algum tempo até ficarem prontas", conclui o diretor da ORG.
Fonte: Consumidor Moderno - SP