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Berlim constrói primeira casa sustentável

Texto: Redação AECweb

Residência construída com materiais recicláveis produz toda a energia que consome e gera um excedente para abastecer carros elétricos

09 de abril de 2012 - O design moderno e os amplos espaços da casa situada no número 87 da Fasanenstrasse, em Berlim, destoam das construções históricas do tradicional bairro de Charlottenburg, na capital alemã. Semelhante a um bloco de vidro, a residência, que abriga desde o começo do mês uma família de quatro pessoas, é o mais novo projeto do governo alemão para tentar aliar construção civil e mobilidade a um estilo de vida mais sustentável.

A Casa Eficiente Plus com Eletromobilidade - como foi batizada - foi concebida para produzir toda a energia que consome e ainda gerar um excedente que pode ser usado para abastecer carros elétricos ou ser devolvido à rede energética da cidade. A casa também foi construída apenas com materiais que podem ser reciclados, caso sua estrutura precise ser modificada.

"A gestão responsável dos recursos e a proteção do meio ambiente estão, sem dúvida, entre as missões mais importantes da política e da sociedade, sendo a questão da eficiência energética um ponto determinante", afirmou o ministro Peter Ramsauer, do Ministério dos Transportes, Obras e Planejamento Urbano da Alemanha, órgão responsável pelo projeto.

De acordo com o governo alemão, a construção e o transporte desempenham um papel fundamental neste cenário, na medida em que estes dois setores são, conjuntamente, responsáveis por cerca de 70% do consumo final de energia e por aproximadamente 40% da totalidade das emissões de CO2.

"No setor da construção, a manutenção de edifícios novos de impacto neutro no ambiente já deverá ser possível a partir de 2019", explicou Ramsauer. "Queremos criar possibilidades de combinação de edifícios eficientes com a eletromobilidade. A Casa Eficiente consegue tornar essa determinação em realidade de uma forma exemplar."

Diretriz. O projeto do governo alemão atende a uma reformulação da diretiva comunitária para o desempenho energético dos edifícios da União Europeia que exige que, a partir de 2021, as casas só consumam energias que possam ser produzidas com base em materiais energéticos renováveis.

"Os padrões para consumo energético na Alemanha são renovados a cada três anos, sempre exigindo um consumo menor de energia por parte dos cidadãos", explicou o arquiteto Dieter Blome, do Centro para Energia, Construção, Arquitetura e Meio-Ambiente (Zebau, na sigla em alemão), em Hamburgo. "Acredito que daqui dez anos teremos a Casa Eficiente Plus como padrão para as construções residenciais na Alemanha."

Segundo ele, o projeto da casa também faz parte da estratégia do governo alemão de desligar todas as suas usinas nucleares até 2022. Em maio do ano passado, a chanceler Angela Merkel disse que esperava que a Alemanha se tornasse um "exemplo internacional", sendo possivelmente a primeira nação industrial a passar da era nuclear à era das energias renováveis. "É uma maneira de pensarmos na produção de energia fora do âmbito nuclear", afirmou Blome.

Futuro. Mais de 130 famílias alemãs se inscreveram para morar durante 15 meses na casa sustentável de Berlim. A família vencedora foi escolhida no fim de dezembro por meio de sorteio feito pelo governo. "Os valores e o comportamento da sociedade alemã estão mudando", disse Blome. "Hoje as pessoas ficam com peso na consciência se estão escovando os dentes e esqueceram a torneira ligada. Estamos vivenciando uma mudança no estilo de vida alemão."

A casa ficou aberta para visitação do público de 8 de dezembro a 29 de fevereiro para ver como a população interagiria com esse novo tipo de tecnologia. "É uma oportunidade para vermos se conseguimos nos adaptar a esse estilo de vida", disse a estudante de Planejamento Urbano, Malin Praktiknjo, de 23 anos, que conduzia visitas guiadas pelo projeto. "Temos o dever de reduzir nossa necessidade de consumo energético e, se as legislações necessárias forem aprovadas, o universo apresentado nesta casa pode ser o nosso futuro."

Fonte: O Estado de São Paulo

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