Boom da construção aquece vendas de planejados
Setor é favorecido também pelos juros baixos e maior oferta de crédito; crescimento é estimado em até 40%
19 de maio de 2010 - O boom da construção civil, os juros baixos e o crédito facilitado aquecem o setor de móveis planejados, modulados e sob medida na região de Londrina. Aproveitando o poder de consumo das classes C e D, as marcas nacionais consagradas investem em linhas intermediárias com preços mais acessíveis e possibilidade de financiar em até 36 vezes, por exemplo, a compra de uma cozinha. No caso das indústrias regionais que trabalham com móveis sob medida e de primeira linha, os bons ventos vêm do crescimento acelerado da Gleba Palhano. Empresas - que atendem os públicos popular e elitizado - ouvidas pela FOLHA apontam estimativa de crescimento entre 20% e 40% na comparação com 2009.
Entre as opções mais procuradas está a cozinha. A pessoa pode até levar armários e outros móveis quando se muda, mas quase sempre precisa de cozinha na casa nova, observa Flávio Samiec, gerente da Favorita Modulados - linha intermediária da marca Dell Anno, que tem preços entre 15% e 20% abaixo da primeira linha. Ele diz que a meta de vendas mensais para este ano é de R$ 120 mil. Em 2009, ano influenciado pela crise financeira mundial, a média foi de R$ 80 mil/mês.
Enquanto a clientela da primeira linha vende bastante móveis para a casa inteira, o público da intermediária costuma comprar por ambiente. Depois da cozinha, as prioridades são o quarto e o home. Vendemos bastante também cozinha e quarto juntos, diz Samiec.
Uma cozinha básica custa a partir de R$ 2,5 mil e um quarto de casal a partir de R$ 4 mil, segundo Samiec. Mas a pessoa pode gastar mais, dependendo do tamanho do ambiente e dos acessórios. Ele diz que os materiais usados são MDF e MDP (espécie de aglomerado).
Parte do público-alvo da marca vem do programa federal Minha Casa, Minha Vida, que envolve famílias de baixa renda. A empresa trabalha com parcelamento em até dez vezes em cartão de crédito ou financiamento com prazo até 36 meses. Também tem uma parte dos clientes que faz a compra agora e programa a entrega para o ano que vem, diz Samiec.
SOB MEDIDA
Valdecir Campi de Souza, da empresa Campi Cozinhas e Móveis, de Cambé, vem colhendo os louros de um trabalho iniciado há mais de 40 anos. Eles começaram com móveis entalhados e estofados e posteriormente passaram a fazer móveis sob medida. Há quatro anos, porém, as vendas deslancharam, puxadas principalmente pelo crescimento dos edifícios na Gleba Palhano e dos condomínios horizontais na Zona Sul de Londrina. Noventa por cento da nossa clientela é formada no boca-a-boca, valoriza Campi. Ele diz que as vendas crescem entre 15% e 20% ao ano.
Para atender a demanda, a empresa saiu de mil metros quadrados para três mil metros quadrados de área construída e aumentou de 20 para 35 o quadro de funcionários. Além de atender os clientes na fábrica em Cambé, a empresa tem uma loja em Londrina e deve abrir uma em Maringá até o final do ano. Até o ano passado, tínhamos mais venda do que produção, daí a pessoa aceitava esperar até 90 dias para a entrega. Com a ampliação da fábrica, estamos conseguindo atender os pedidos na média de 30 a 45 dias, conta Campi.
Das vendas, 40% são cozinhas e 60% a casa inteira. Uma cozinha custa a partir de R$ 5 mil. Para mobiliar a casa completa (menos os estofados), o consumidor vai desembolsar entre R$ 18 e R$ 40 mil, dependendo do tamanho dos ambientes e dos acessórios escolhidos. O nosso padrão é sempre o mesmo, só trabalhamos com MDF da melhor qualidade e materias de primeira linha. Mas, conforme os acessórios, o cliente pode gastar mais, diz. Como exemplo, o empresário cita os vidros importados e as gavetas automatizadas, cujo mecanismo custa R$ 400 por gaveta.
Além do know-how adquirido ao longo dos anos, Campi credita o impulso das vendas ao bom momento econômico. O pagamento dos móveis pode ser parcelado em até dez vezes.
Fonte: Folha de Londrina - PR