Boom imobiliário emprega novo grupo de profissionais
Empreendimentos buscam pessoas capacitadas para demanda de lançamentos
31 de maio de 2010 - Arquitetos, paisagistas, decoradores, marceneiros e maqueteiros estão entre aqueles que, embora não trabalhem para construtoras, fazem parte da cadeia produtiva puxada pelos empreendimentos lançados na capital paulista.
Primeiro foi a vez dos profissionais que atuam diretamente nas obras - de pedreiros a engenheiros - se beneficiarem com o aquecimento do setor de construção civil. As oportunidades de emprego na área pipocaram e os salários subiram em média 10% em um ano. Agora, chegou a hora de uma segunda gama de trabalhadores surfar na onda do boom imobiliário.
São arquitetos, paisagistas, decoradores, marceneiros, maqueteiros e toda sorte de profissionais que, embora não sejam funcionários das construtoras, fazem parte da cadeia produtiva que se movimenta à medida em que as empresas erguem edifícios na capital.
E hoje em dia o que não falta em São Paulo são prédios novos. De acordo com a Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp), 6.193 imóveis ficaram prontos apenas no primeiro trimestre de 2010 - 96,4% a mais que no mesmo período do ano passado. "E, historicamente, a maior parte dos lançamentos ocorre no segundo semestre, o que indica que teremos um ano muito bom", explica Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, o Sindicato da Habitação.
Empresas e profissionais autônomos já sentem os bons ventos. Para Damião Pereira, dono da Marcenaria Nicla, os negócios têm ido tão bem que o empresário já começa a recusar clientes. Acostumado a entregar no máximo seis trabalhos ao mês, ele dobrou a equipe para atender aos pedidos e ultimamente tem feito uma média de dez. Para não deixar ninguém insatisfeito e manter a qualidade, Pereira também passou a pedir um prazo maior aos clientes: 60 dias para entrega, ante 30 no passado. "O pessoal que me procura, em geral, é quem comprou apartamento novo", conta.
A decoradora Rosângela Pimenta, dona da Estilo Próprio, conta que os pedidos aumentaram 30% desde janeiro. "Antes eu só atendia a classe A. Agora, com a economia em alta, a classe B também tem nos procurado, ainda que meus preços continuem os mesmos." Rosângela cobra cerca de R$ 140 mil para decorar um apartamento de 100 m² (com móveis e eletrodomésticos incluídos).
Oportunidades na classe C
Ainda que o cenário econômico seja positivo e que cerca de 2 milhões de pessoas tenham ascendido à classe C nos últimos cinco anos só na região metropolitana de São Paulo, quem costuma contratar os serviços de arquitetos, decoradores e marceneiros ainda são as pessoas da classe A e B. "Não adianta falar que o público de baixa renda gasta dinheiro com isso porque seria mentira. Eles recorrem mais a móveis prontos e decoram a casa por conta própria", afirma Rosângela.
Para esses profissionais, portanto, o caminho obrigatório para atender as classes C e D é a parceria com as construtoras. A MRV, por exemplo, uma das construtoras que trabalham fortemente com as camadas mais populares, terceiriza toda a decoração dos apartamentos à venda, o paisagismo dos empreendimentos e a construção das maquetes. E embora tenha uma lista de fornecedores que trabalham para a empresa há anos, se diz "sempre disposta a ter novos parceiros".
Há, portanto, oportunidades nesse nicho. Que o diga o arquiteto Ricardo Julião, que 40 anos iniciou sua carreira projetando residências de altíssimo padrão, e hoje já inclui em seu portfólio projetos de "edifícios residenciais econômicos". "A classe C tem os mesmos desejos do público de alta renda. Então, o segredo é conseguir desenhar um projeto que contemple essas vontades sem encarecer o valor do imóvel."
Parceira profissional de Julião, a paisagista Claudia Souza Ramos, da empresa Eco Urbano, completa: "quem se adequar ao mercado e não aderir a modismos conquista seu espaço."
O que fazer?
Em um mercado cíclico como o imobiliário, é necessário diversificar a carteira de clientes para evitar épocas de vacas magras. Portanto, os profissionais precisam estudar, se modernizar constantemente e se preparar para executar projetos distintos.
Mas embora a diversificação seja questão de sobrevivência, é recomendável estabelecer se a prioridade será trabalhar para empresas ou pessoas físicas. Isso vai interferir não só na definição da estratégia de prospecção das vendas como no dimensionamento da equipe (caso você tenha que contar com a ajuda de outros profissionais para lhe auxiliar nos projetos).
Na arquitetura, na decoração e no paisagismo, os modismos são muito comuns. Hoje, por exemplo, o estilo neoclássico é uma espécie de febre. Embora, em um primeiro momento, aderir a essas ondas possa impulsionar suas vendas, com o tempo os projetos podem estigmatizar seu trabalho. E quando a moda passar o mercado pode achar que você também ficou ultrapassado
Número inédito
37,5
Mil unidades
deverão ser vendidas durante todo o ano de 2010, um recorde
Comercialização
8,5
Mil Unidades
foram vendidas na capital paulista entre os meses de janeiro a março de 2010
Trabalho
657
Mil empregos
foram criados na construção civil no primeiro trimestre
Crescimento - 6 Mil Imóveis
lançados no primeiro trimestre de 2010, o dobro do mesmo período de 2009
Fonte: Jornal da Tarde - SP