Brasília é o 2º mercado imobiliário do país
Capital federal apresentou Valor Global de Vendas (VGV) de 4,2 bilhões de reais em 2009, superando o Rio de Janeiro
23 de abril de 2010 - A capital federal, que nesta quarta-feira completa 50 anos, passa por um momento bastante particular para o setor imobiliário, enquanto se consolida como segundo maior mercado do país, posição que assumiu no ano passado. Com um Valor Global de Vendas (VGV) de R$ 4,2 bilhões, em 2009 Brasília superou o Rio de Janeiro.
Agora a cidade fica atrás apenas da capital paulista, que ostenta um VGV de R$ 11,6 bilhões, de acordo com pesquisa do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
Em 2010, as vendas de imóveis devem crescer 20%, de acordo com estimativas do Sindicato da Indústria da Construção do Distrito Federal (SindusCon-DF). No ano passado foi registrado um crescimento de 15%, totalizando 17 mil unidades. Para o presidente do SindusCon-DF, Elson Ribeiro, nos próximos meses o foco das construtoras e incorporadoras na região estará voltado para o setor Noroeste.
"Nesta primeira etapa ainda estão sendo executadas as obras de infra-estrutura. Acredito que o impacto maior virá no segundo semestre, com o início da construção dos prédios", avalia Ribeiro.
Enquanto no Rio de Janeiro e em São Paulo a busca por terrenos é feroz, em Brasília a disputa se concentra na última área do plano piloto que ainda não foi desenvolvida, o setor Noroeste. Atualmente, a interrupção temporária da liberação de alvarás para obras no local dificulta o trabalho das empresas que já adquiriram terrenos.
Segundo Luiz Henrique Rimes, diretor nacional de Negócios da João Fortes, incorporadora e construtora carioca que está presente em Brasília desde 1972, o governo local está revendo os projetos aprovados e a liberação de alvarás está suspensa desde o início de abril.
"O Ministério Público está questionando a forma como foi feito o processo de aprovação dos projetos e a perspectiva é que essa revisão demore de um a dois meses", informa o executivo, ao ressaltar que a paralisação dos lançamentos na área pode elevar o custo das obras. Rimes considera que a suspensão de alvarás não terá um grande impacto para a empresa em particular, mas preocupa grupos com investimentos no local.
De acordo com o executivo, da previsão de VGV lançado de R$ 540 milhões da João Fortes para a cidade neste ano, R$ 300 milhões estão fora dessa área. "Temos cinco lançamentos previstos para Brasília em 2010, todos com terrenos já comprados" acrescenta. No ano passado, a empresa realizou três lançamentos na cidade.
A João Fortes também tem participação em três torres residenciais e está negociando a compra de um terreno com VGV potencial de R$ 200 milhões na cidade satélite de Águas Claras, com expectativa de lançamento para 2011.
Renda e estabilidade
Além da renda per capita alta, praticamente o dobro da média brasileira segundo dados do IBGE, a cidade oferece a vantagem de contar com uma população que em sua maioria é integrada por funcionários públicos - fator que é visto como garantia de baixa inadimplência. Resultado de uma conjunção de fatores positivos, nos últimos nove anos a valorização média dos imóveis na capital federal foi de 20% ao ano, destaca Wildemir de Martini, diretor executivo da imobiliária Lopes Royal, filial da Lopes no Distrito Federal.
"Tudo o que imaginávamos de bom para o mercado imobiliário aconteceu. E Brasília conta com um ponto a favor em relação aos outros estados: 65% de sua massa salarial vem da área pública, uma garantia de estabilidade", diz o executivo, ao estimar que a cidade deve alcançar um VGV de R$ 5 bilhões em 2010.
Martini lembra ainda que a cidade é a terceira do Brasil em produção e consumo de software e hardware. "O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão investindo R$ 3,5 bilhões no primeiro empreendimento dentro do parque tecnológico Cidade Digital, um pólo com área total de 960 mil metros quadrados que está em construção próximo ao recém inaugurado Shopping Iguatemi", ressalta o executivo.
Fonte: Monitor Mercantil