Caixa quer crescer 40% em crédito imobiliário
Instituição pública hoje detém um market share de 74,09% no financiamento habitacional
09 de novembro de 2009 - Apesar dos esforços de Itaú Unibanco e Bradesco para ampliar sua carteira de crédito imobiliário no próximo ano, a Caixa Econômica Federal (CEF) pretende ampliar sua participação nesse mercado em 2010.
A instituição pública hoje detém um market share de 74,09% no financiamento habitacional, com um saldo de R$ 62,8 bilhões ao fim de setembro, e projeta um crescimento de pelo menos 40% em 2010 nesse segmento de crédito, que deverá ser o principal responsável pela expansão dos estoques totais do banco.
Segundo o vice-presidente de Controle e Risco da CEF, Marcos Vasconcelos, o ganho de participação em 12 meses, até setembro deste ano, foi de 5,1 pontos. "Claro que o ritmo de ganho de market share deverá diminuir por conta do aumento da concorrência, mas iremos brigar para ampliar participação, continuando a oferecer as melhores condições para os clientes", diz. O executivo ainda considera "saudável que outras instituições entrem com mais força nesse mercado".
Apesar de já projetar o crescimento relativo, Vasconcelos preferiu não adiantar qual o volume destinado a novos financiamentos habitacionais no próximo ano. "Ainda não temos esse valor fechado."
Durante divulgação de resultados, na semana passada, executivos do Itaú e do Bradesco afirmaram que pretendem expandir sua carteira de crédito imobiliário.
Para o primeiro, o financiamento habitacional deverá ser o destaque do crescimento no próximo ano, com um aumento entre 30% e 35%, sobre consolidado de 2009. Atualmente, a instituição possui um estoque de R$ 7,8 bilhões na linha.
Já o Bradesco pode crescer pelo menos 70% na modalidade em 2010, sobre dezembro de 2009, uma vez que a instituição planeja destinar R$ 6 bilhões para esse tipo de empréstimo no próximo ano. O saldo atual dessa carteira, entre pessoa física e jurídica, é de R$ 7,2 bilhões, com projeção de chegar a R$ 8,5 bilhões ao fim deste ano.
Durante apresentação de resultados, o vice-presidente executivo do Bradesco, Domingos Abreu, considerou que a instituição está concedendo R$ 1,3 bilhão por trimestre na linha, e assim seria possível fazer ao menos R$ 1,5 bilhão no ano que vem.
No segundo e terceiro trimestres de 2009, o Bradesco concedeu aproximadamente R$ 1,3 bilhão de crédito imobiliário. O total liberado no ano pode chegar a R$ 4,5 bilhões, por conta de um primeiro trimestre mais fraco devido à crise econômica. No ano, até setembro, a instituição tinha concedido R$ 3,1 bilhões em novos negócios imobiliários.
O Bradesco elegeu ainda o setor como um dos principais impulsionadores do crescimento do banco nos próximos anos. Isso porque o departamento econômico da instituição calcula uma representatividade do setor de 11,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em cinco anos, ante uma participação atual inferior a 3%.
Resultado
A CEF obteve lucro de R$ 869,9 milhões no terceiro trimestre de 2009, 20,4% a mais que no mesmo período de 2008 e 23% superior ao do segundo trimestre deste ano. No acumulado em nove meses, até setembro, o resultado foi 38% inferior ao do mesmo período de 2008.
Segundo o vice-presidente Marcos Vasconcelos, a queda no ano se deve a lucros extraordinários no primeiro semestre do ano passado e impacto negativo de provisões feitas no primeiro semestre deste ano, relativas principalmente a causas trabalhistas e planos econômicos.
Ainda no terceiro trimestre, os ativos totais da instituição chegaram a R$ 341,9 bilhões e o patrimônio líquido foi de R$ 12,3 bilhões, evolução de 23,9% e de 1,1%, respectivamente. Já o saldo total das operações de crédito atingiu R$ 113,8 bilhões, 61,9% a mais do que em 2008.
A política de manter a expansão da carteira, mesmo durante o período mais agudo da crise, levou a instituição a ganhar market share em todos os segmentos. Segundo Vasconcelos, em setembro de 2009, em relação ao mesmo mês do ano passado, a carteira de pessoa jurídica havia passado de 2,17% para 4,21%, tendo a maior alta nos estoques no período, de 109%.
A área de pessoa física passou de uma participação de mercado de 3,38% para 4,53%, enquanto a habitacional chegou a 74,09%, ante 68,9 no ano passado. No total, a instituição passou de um share no mercado de crédito de 6% para 8,31%. "Para o próximo ano, projetamos um piso de crescimento de 30%, puxado pelo crédito imobiliário", afirma Vasconcelos.
Ainda segundo ele, a inadimplência da instituição se manteve estável, tendo o índice das empresas caído de 2,8% para 2,1%, "com tendência a se estabilizar neste patamar", a pessoa física ido de 5,3% para 5,2% e o habitacional subido de 1,8% para 2%. "Não é possível zerar completamente a inadimplência, faz parte dos negócios, porém estamos conseguindo mantê-la em níveis baixos e controlados." A instituição não realizou provisionamento adicional para crédito de liquidação duvidosa.
Fonte: DCI - SP