Caixa tem crédito recorde, mas o lucro despenca
De acordo com o banco, objetivo não é maximizar o lucro, mas ter sustentabilidade nas operações
18 de agosto de 2009 - A oferta total de crédito da Caixa Econômica Federal cresceu 56,1% de junho de 2008 para junho de 2009 e chegou a R$ 99,2 bilhões, desempenho que superou largamente o do mercado, que avançou 19,7% no mesmo período.
Em habitação, o banco bateu recorde histórico de financiamento. Somente nos seis primeiros meses do ano, os empréstimos concedidos chegaram a R$ 17,4 bilhões, o que corresponde a 351 mil unidades e aumento de 90% frente igual período do ano anterior.
Até o fim do ano, segundo a presidente da instituição, Maria Fernanda Ramos Coelho, os financiamentos imobiliários deverão ser reforçados em R$ 39 bilhões.
O lucro líquido da Caixa no segundo trimestre, de R$ 706 milhões, mostrou acréscimo de 56,2 % sobre o primeiro. De janeiro a junho, porém, o lucro líquido de R$ 1,2 bilhão recuou frente aos R$ 2,5 bilhões dos seis meses iniciais do ano passado.
De acordo com o banco, a forte expansão da carteira de crédito é fruto de seis reduções consecutivas dos juros das linhas do crédito para pessoa física e jurídica e dos empréstimos habitacionais com recursos da poupança, patamar que garante ser sustentável.
"Foi colocado claramente que o nosso objetivo não é maximizar o lucro, mas ter sustentabilidade nas operações. Nosso objetivo é fazer a inclusão bancária e temos realizado a missão de sermos um banco público que opera políticas públicas", afirmou a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho.
Segundo o vice-presidente de controle e risco da Caixa, Marcos Vasconcelos, enquanto a expansão da carteira de crédito da Caixa foi de 56,1% em doze meses, no sistema privado nacional foi de 13,1% e nos bancos estrangeiros, de 10,7%.
"A Caixa respondeu por 37% do crédito concedido no período", disse. O executivo repetiu o argumento da sustentabilidade, considerando uma Selic de 9%, apesar do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) do banco ter despencado de 44,9%, em junho do ano passado, para 17,9% em junho último. O executivo avalia que os bancos estão convergindo para esse padrão. "O mercado bancário brasileiro caminha para isso", disse.
Inadimplência. Vasconcelos acrescentou ainda que, se não fossem eventos como a contabilização de benefícios pós-emprego e o aumento de provisões trabalhistas e para planos econômicos, os ganhos seriam de R$ 2,503 bilhões, considerando ainda o impacto fiscal. Excluindo os créditos tributários de R$ 254 milhões no primeiro semestre deste ano e de R$ 704 milhões de janeiro a junho de 2008, o lucro líquido teria crescido 22,3%.
O executivo reconheceu ainda que o lucro líquido da Caixa neste ano será menor que o do ano passado, que foi de R$ 3,9 bilhões. "Estamos fazendo a revisão do orçamento agora, mas o lucro deste ano ficará na casa dos R$ 2 bilhões", informou. Para ele, não é objetivo da instituição concorrer com os demais bancos para ver quem vai chegar primeiro nos R$ 10 bilhões de lucro anual.
A Caixa fechou junho com patrimônio de referência de R$ 22,906 bilhões o que, segundo Vasconcelos, permite que a instituição ainda amplie sua carteira de crédito em 90%. De acordo com o executivo, a Caixa deverá fechar o ano com 50 milhões de clientes e cerca de 3 mil agências e Postos de Atendimento Bancário (PAB).
Até junho, a Caixa tinha 48,2 milhões de clientes e 2.542 agências e PABs, além de 9.746 unidades lotéricas e 11.609 correspondentes bancários.
Segundo Vasconcelos, a inadimplência deve se manter no patamar do primeiro semestre, que foi de 5,4% na pessoa física, ante 8,6% do mercado, e de 2,4% na pessoa jurídica, ante 3,4% do mercado.
Esses indicadores consideram créditos vencidos acima de 90 dias, mas, segundo o executivo, a inadimplência em 60 dias também mostra estabilidade, com tendência de decréscimo. Os créditos com menor risco, classificados de AA a B, cresceram de fatia de 68,6% da carteira total da Caixa, em junho do ano passado, para 72,1% em junho deste ano.
Fonte: Jornal do Commercio