Castelão sai na frente dos outros estádios
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Logística entre arquitetos e equipes acelerou construção e inauguração da Arena
29 de outubro de 2013 - Apesar do atraso de quase um ano no prazo previsto para o início das obras, a Arena Castelão, em Fortaleza, foi o primeiro dos estádios para a Copa de 2014 a ser inaugurado. Entre os fatores que levaram a esse resultado está a Logística estabelecida entre arquitetos e equipes envolvidas nos projetos e na execução.
Aberta em dezembro do ano passado, a Arena Castelão, em Fortaleza, enfrentou uma fase conturbada no segundo semestre de 2010, devido a ocorrências envolvendo o processo de licitação. O caso lhe valeu o atraso de quase um ano no início das obras. Era de se esperar, portanto, que a inauguração não atendesse ao prazo incialmente previsto. Mas não foi o que ocorreu. Apesar da desvantagem inicial, a ampliação e modernização do Estádio Plácido Aderaldo Castelo, de 1973, recuperou o tempo perdido e fez do equipamento o primeiro do grupo da Copa de 2014 a ficar pronta.
Vários fatores colaboraram para esse desempenho. Mas um dos principais é que a Arena Castetão resulta de uma obra feita 100% no Brasil, segundo o arquiteto Hector Vigliecca, do escritório paulista Vigliecca & Associados, um dos autores do projeto de ampliação e modernização, junto com os arquitetos Luciene Quel e Ronald Werner. "Não era preciso esperar determinações do exterior para alterar alguma solução. Isso ajudou a tomar decisões com os engenheiros e a construtora", observa Vigliecca.
"Em vez dos três anos usuais para esse tipo de obra, o Castelão dispunha de apenas dois. Mas o fato de sua concepção ter sido resolvida integralmente pelo escritório fez toda a diferença, pois este conseguiu dominar o trabalho em todos os seus aspectos", diz. Ele observa que o diálogo entre equipes foi intenso e os arquitetos acompanharam a obra do início ao fim, avaliando dificuldades e adaptando-a às condições disponíveis no mercado, o que contribuiu também para reduzir custos.
Para ganhar tempo, os arquitetos repensaram o projeto juntamente com a construtora, tornando o processo construtivo o mais industrializado possível. Também programaram a execução em etapas independentes, de forma que uma parte não ficasse parada, esperando a conclusão de outra. No local ainda havia um departamento representando vários órgãos de governo, o que reduzia a semanas decisões que poderiam levar meses. "Normalmente. a conclusão de um estádio com 60 mil assentos leva 36 meses. Conseguimos realizar a obra em apenas 20", informa Werner, diretor do escritório e responsável pelo projeto.
Soluções arquitetônicas propostas pelo projeto foram fundamentais para o alcance desse resultado positivo. Uma delas foi a opção por conservar parte da estrutura da arquibancada superior. Em reformas desse porte, preservar a estrutura é sempre uma decisão delicada. "Geralmente, é mais fácil e rápido destruir um estádio para fazer outro. Neste caso, foi bastante trabalhoso, mas optamos por manter 70% das arquibancadas superiores. Apesar da renovação, aqueles que têm o velho Castelão na memória não ficarão desapontados", afirma Vigliecca.
Apenas uma parte, equivalente a 1/5 do estádio, foi implodida, operação que recebeu premio de precisão em engenharia, o World Demolition, tido como um dos mais importantes da tecnologia de implosões no mundo.
Recortamos um pedaço do estádio e encaixamos outro. Concentramos todas as funções de alta complexidade nesse único módulo, correspondente às áreas que exigem mais tecnologia, como camarotes, sala de imprensa, sala vip, vestiários, sala de controle, zona mista, lounges e restaurantes. Compactadas em um só lugar, otimizaram tempo e custo de obra explica Werner.
O desenho da cobertura - que tem 33 mil metros quadrados e contempla 100% dos espectadores - também partiu de uma situação existente. "A estrutura apresentava uma questão que resolvemos também de maneira inédita, ou seja, além de ela ser o suporte da cobertura, adicionamos-lhe a função de atenuadora de vibrações da arquibancada, consequência de uma deficiência no cálculo original. Essa estrutura ainda integra a fachada", revela Werner.
A opção foi por uma cobertura rígida e o mais leve possível. Isso fez com que o Castelão fosse o único estádio a não utilizar gruas na montagem da cobertura, tornando essa etapa mais prática e econômica, segundo os arquitetos. A estrutura da cobertura foi projetada pare ser montada em peças independentes, acelerando o processo de instalação.
Além de inserir o antigo estádio nos padrões exigidos pela Fifa, o projeto de reforma criou uma arena multiuso. Com esse conceito - em que o público fica próximo do espetáculo o Castelão teve o campo de futebol rebaixado e a arquibancada interior avançou 30 metros (a distância entre torcedores e jogadores agora é de apenas dez metros) Werner destaca ainda que "o processo de construção das arquibancadas inferiores é inédita com sistema de pré-moldagem in loco sobre fundação radier".
O Consorcio Castelão responsável pela obra, é formado pelas empresas Galvão Engenharia e Andrade Mendonça. O estádio e o terceiro maior da Copa do Mundo de 2014 é o quarto maior do país. Antes da modernização sua capacidade era de 60.326 torcedores, número que se elevou para 64.158 após as obras Foi também o primeiro a enviar toda a documentação ao Green Building Council para o processo de certificação ambiental Leed.