CCDI vende ativo de R$ 250 milhões no Rio
Pressa em se desfazer de metade do edifício Ventura visa melhorar perfil do balanço da companhia
18 de dezembro de 2009 - A CCDI (Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário) está negociando a venda do seu principal ativo. Segundo o Valor apurou, a companhia está perto de fechar a venda de metade do Edifício Ventura, um imóvel comercial de altíssimo padrão localizado no centro do Rio de Janeiro.
De acordo com fontes do setor, o empreendimento está avaliado em cerca de R$ 500 milhões e, portanto, a negociação irá render ao caixa da CCDI algo em torno de R$ 250 milhões. A solução deve ser "caseira", ou seja, o comprador deve vir do próprio grupo Camargo Corrêa.
A segunda torre do Ventura Corporate Towers foi desenvolvido em parceria com a incorporadora norte-americana Tishman Speyer e deve ficar pronta no início do segundo semestre de 2010. É um dos únicos prédios de alto padrão do centro do Rio e o ativo mais líquido da CCDI neste momento. Depois de pronto e alugado, poderá valer cerca de R$ 600 milhões. A primeira torre foi vendida por R$ 422 milhões. Procurada, a empresa informou que a negociação da venda da sua participação está em curso.
Braço de incorporações da Camargo Corrêa, a companhia passa por um processo de reestruturação. No final de setembro, trocou de presidente e colocou à frente da empresa o executivo Francisco Sciarotta Neto. Com carreira focada na área financeira, o executivo entrou na empresa para reduzir custos e melhorar os resultados.
A pressa em vender o Ventura e fechar o negócio ainda este ano é avaliada, por fonte do mercado, como uma forma não só de engordar o caixa, de R$ 139,9 milhões no fim de setembro, mas também de melhorar o balanço da companhia este ano.
Com receita líquida de R$ 347 milhões até o fim do terceiro trimestre, a empresa acumulou prejuízo de R$ 44,2 milhões em nove meses. No trimestre, o prejuízo foi de R$ 61,8 milhões. É a única empresa do setor com margem líquida negativa, de 13%, nos primeiros nove meses de 2009. Operacionalmente, também foi mal. As vendas caíram 44,7%.
Um dos problemas enfrentados pela companhia foi o embargo de um projeto por problemas ambientais em Bertioga, litoral de São Paulo. A companhia informou no balanço do terceiro trimestre que "decidiu reconhecer em resultado a baixa contábil das unidades comercializadas que ainda não haviam sido rescindidas, devido às incertezas quanto a continuidade do empreendimento." A companhia reportou, ainda, o cancelamento de oito projetos.
A CCDI tem uma dívida líquida de R$ 275 milhões. A relação dívida sobre patrimônio líquido está em 47%, em linha com a média do setor, de 43%. Se consideradas também as dívidas de terrenos, a dívida líquida total da companhia sobe para R$ 1 bilhão e essa relação atinge 172%, a segunda mais alta, atrás apenas da Abyara, que será incorporada na Agre.
A CCDI entrou no mercado com objetivo de atuar na alta renda, fez um banco de terrenos voltado para esse mercado e depois resolveu se redirecionar para a baixa renda. Comprou a HM, empresa especializada no segmento.
Fonte: Valor Econômico - SP