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Cenário internacional influencia as expectativas do setor da Construção

Texto: Redação AECweb

Incerteza em relação a Europa e Estados Unidos, além da situação do Japão acarretam muitas incógnitas para o setor

13 de maio de 2011 - A construção civil considera ter vivido um ano notável em 2010, com um crescimento entre 5% e 6%, apesar das limitações de equipamentos e mão de obra. "Foi um ano excepcional para a economia de modo geral e para a construção civil. Agora, frente às muitas variantes que temos pela frente, estamos reavaliando as expectativas para até dezembro", informa o presidente do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), Sergio Watanabe.

Os 6% de crescimento inicialmente previstos para 2011 estão sendo revistos em função de novos fatores. "O cenário internacional continua com muitas incógnitas, envolvendo a Europa, os Estados Unidos, o petróleo e o Japão que, afinal, é a terceira economia do mundo. Por aqui já tivemos um corte orçamentário por parte do governo federal, além do fato de a inflação continuar pressionando a economia e os juros, subindo. Então, já pensamos num crescimento de 5%."

No que diz respeito ao setor imobiliário, o que for vendido ao longo de 2011, de qualquer forma só vai refletir na construção em 2012. As atividades para até o início de 2012 estão garantidas pelos contratos firmados no ano passado. "O fato é que o governo tem de investir em infraestrutura pois, do contrário, paralisa tudo, não haverá crescimento sustentável para o País", adverte Watanabe.

Mais fôlego

Além das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a Copa do Mundo no Brasil em 2014 e as Olimpíadas no Rio em 2016 também deverão ativar a construção civil, o que leva a uma boa perspectiva para o setor nos próximos cinco anos.

"O ritmo de nossas atividades vai depender dos fatores macroeconômicos, mas nossa expectativa é de que vamos crescer acima da média nacional", diz, acrescentando os temores face às dificuldades de contratação de mão de obra qualificada e da pressão dos dissídios inflacionados nos custos e, portanto, na produtividade do setor.

Segundo Watanabe, as boas perspectivas do setor poderão se concretizar se o País vencer o que considera um sério entrave. "O que falta aqui é política pública. Precisamos de políticas públicas de longo prazo que garantam, por exemplo, áreas e impeçam altos custos, que podem inviabilizar muitos empreendimentos", diz.

O argumento do presidente do SindusCon é reforçado pelo diretor de economia da entidade, Eduardo Zaidan. "É certo que é preciso um enorme esforço setorial para alargar os gargalos e aumentar a produtividade, mas ele tem de ter o acompanhamento e igual esforço por parte do poder público, o que não ocorre no momento."

Zaidan reclama da imprevisibilidade que dificulta a aprovação e implantação de cada novo empreendimento. "O Brasil no setor público é um pouco esquizofrênico. Hoje segue uma norma, amanhã já é outra. Cria hoje uma taxa, amanhã a gente se depara com outras exigências. A grua, por exemplo, é usada à vontade em obras no mundo todo. Ano passado, aqui em São Paulo foram embargadas todas as obras que usavam grua. O fato é que a cada nova obra nos deparamos com novas exigências, com mudanças de procedimento que atrasam tudo e encarecem as obras", lamenta, defendendo "mais previsibilidade para maior produtividade e redução dos custos".

Fonte: O Estado de São Paulo

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