Cimenteiras ainda esperam retomada das encomendas
Cenário mais otimista aponta para empate com 2008
01 de setembro de 2009 - Entre as construtoras, o clima é de otimismo quase exagerado por conta do pacote habitacional do governo e da retomada do mercado imobiliário no segundo e terceiro trimestres.
Mas no primeiro elo da cadeia, entre as cimenteiras - onde o efeito é mais lento, seja na queda ou na retomada - o discurso é conservador.
Mesmo com a redução do IPI para o cimento até o fim do ano, o presidente da Votorantim Cimentos, Walter Schalka, acredita que o setor recue entre 2% e 2,5% este ano. "A empresa deve ficar pouco melhor que o mercado."
A previsão de Schalka está abaixo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, que trabalha com perspectiva de manutenção no volume de 51,4 milhões de toneladas vendidas em 2008. Se quiser empatar com o ano passado, o país ainda terá que acelerar as vendas no segundo semestre.
Com exceção da China e Índia, que devem avançar 5% e 6%, Estados Unidos, Rússia e Europa (Espanha e Itália) projetam quedas. Em 2008, o Brasil cresceu 15% e, por conta da queda dos demais países, passou de nono maior produtor mundial em 2007 para quarto este ano.
Na opinião do executivo, no mercado residencial o crescimento do segmento popular não deve compensar a queda dos lançamentos de médio e alto padrão - que praticamente pararam no primeiro semestre e começam a ser retomados agora.
"O efeito no setor é atrasado. Agora que estamos sentindo o recuo das construtoras", afirma. "É uma substituição. A pessoa deixa de fazer a laje para mudar para uma casa pronta."
Os outros dois segmentos, as obras comerciais (shopping, hospitais e indústrias) e a infraestrutura andam em ritmo lento. "O PAC ainda não é suficiente." No ano passado, a receita líquida foi de R$ 7,4 bilhões, contra R$ 5,5 bilhões em 2007.
Ainda assim, a empresa mantém os planos de expansão de R$ 3,2 bilhões, entre 2008 e 2011, para aumentar a produção de 23 milhões de toneladas para 25 milhões de toneladas.
Desse total, a empresa já investiu R$ 1,9 bilhão. "Preferimos não correr o risco de não atender o mercado." A companhia havia diminuído o ritmo de algumas construções, mas segundo o executivo, já retomou.
Nesse cenário, a Votorantim Cimentos também está reduzindo custos. Na área logística, por exemplo, aumentou o uso de modais alternativos, como ferroviário, cabotagem e fluvial. O uso do sistema rodoviário caiu de 96% para 83%. Para diminuir o custo do frete, também aumentou o número de centros de distribuição de 27 para 68.
Na área industrial, uma das formas usadas para diminuir o custo alia o uso de tecnologia limpa. A indústria utiliza resíduos industriais, principalmente pneu, e a chamada biomassa, como a casca de arroz, a cana-de-açúcar e a castanha de caju, como combustíveis alternativos para a produção do cimento.
A empresa está fazendo parceria com prefeituras, como Aracajú, Curitiba e Sorocaba, para usar também resíduos urbanos no processo. A partir de hoje, um grupo de 18 empresas de cimento reúnem-se, pela primeira vez no Brasil, para um encontro internacional de discussão sobre sustentabilidade na indústria do cimento.
Fonte: Valor Econômico - SP