Cimenteiras irão investir mais de R$ 1 bilhão em Minas Gerais
Destaque para as aplicações da Cimentos Liz e da Lafarge
15 de março de 2010 - Até o ano que vem, a indústria de cimento vai investir mais de R$ 1 bilhão em Minas Gerais em projetos de ampliação ou na construção de novas fábricas. Principal fabricante, o Estado é responsável por um quarto da produção brasileira, que em 2008 (último dado disponível) chegou a cerca de 51,8 milhões de toneladas, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic).
Passado o pesadelo da crise, a expectativa é que a produção nacional retome o ritmo de 2008. As vendas acumuladas nos últimos 12 meses (março de 2009 a fevereiro de 2010) já registram crescimento de 2,4%. Nos dois primeiros meses do ano, o comércio do produto no país já soma 8,4 milhões de toneladas, alta de 12,6% sobre o mesmo período de 2009.
"Nossa expectativa é registrar um aumento de 7% nas vendas", afirma o vice-presidente executivo do Snic, José Otávio Carvalho. O consumo, na sua avaliação, será puxado pela construção de habitações. "Programas do tipo Minha Casa, Minha Vida têm reflexos no aumento do consumo".
Entre os investimentos previstos para o Estado, o mais expressivo é o da Empresa de Cimentos Liz. A cimenteira vai desembolsar até o próximo ano cerca de R$ 620 milhões para a construção de uma nova linha de produção na fábrica de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte. O objetivo é dobrar a produção, alcançando a marca de 3,6 milhões de toneladas/ano. Com o projeto de expansão e modernização da unidade, a expectativa é que serão gerados mais cem empregos diretos.
Em dezembro do ano passado, a empresa concluiu a primeira fase do projeto, "com a inauguração do maior filtro de mangas na indústria cimenteira nacional, sob o custo de mais de R$ 20 milhões". Para este ano, está prevista a segunda etapa, na qual a empresa investirá cerca de R$ 100 milhões, com a implantação de um moinho de cimento, que, segundo a empresa, "será o maior das Américas". O novo moinho entra em operação em 2011. A terceira fase do projeto compreende a construção de uma segunda linha de produção, ao lado da planta atual, mediante aporte de R$ 500 milhões.
O diretor comercial, Bruno Borer, estima que as vendas da Cimentos Liz devem avançar 5% neste ano. "Somente em janeiro, a produção da planta teve aumento de 11% na comparação com o mesmo período do ano passado", revela. De acordo com ele, o bom desempenho em um mês tradicionalmente de baixa demanda "reforça as expectativas da empresa em relação aos negócios".
Lafarge
Dona das marcas Campeão, Montes Claros e Mauá, a francesa Lafarge vai investir cerca de R$ 60 milhões para a melhoria de produtividade e manutenção de equipamentos. A maior parte dos investimentos será destinada às unidades da empresa em Minas Gerais: Montes Claros, Arcos e Matozinhos. Dos 3,5 milhões de toneladas de cimento vendidas pela Lafarge no ano passado, 70% foram produzidas nas plantas mineiras. O Estado também foi responsável por 50% das vendas de cimento.
"Em 2010, estamos apostando em um crescimento de mercado de 7% na região Sudeste, onde concentramos as nossas operações", disse o diretor comercial, Rogério Silva. Em julho, a Lafarge receberá da Votorantim uma fábrica de cimentos (Paraíba) e duas estações de moagem (uma na Bahia e outra em Goiás). A operação é o resultado da venda de sua participação de 17,28% no grupo português Cimpor. Com os ativos, a produção da multinacional atingirá 7 milhões de toneladas e cerca de 11% de participação no mercado. Para as unidades da empresa em MG, a previsão é de um aumento de capacidade produtiva da ordem de 400 mil toneladas /ano.
Brennand vai construir unidade em Sete Lagoas
Outra empresa que tem planos em Minas Gerais é a Brennand Cimentos. Segundo protocolo de intenções assinado com o governo estadual, a expectativa é que a cimenteira conclua neste ano as obras para a instalação de um fábrica em Sete Lagoas. Com investimentos de R$ 235 milhões, a planta terá capacidade para produzir cerca de 1 milhão de toneladas do produto por ano. De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi), a expectativa é que o empreendimento gere 200 empregos diretos.
Já a Central Ibec Insumos Especiais vai expandir a unidade de Matozinhos com o objetivo de produzir cimento Portland e seus derivados, com investimentos de R$ 25,1 milhões. Pelo cronograma, o projeto será concluído até o fim do ano. Segundo o governo do Estado, a partir de 2011, com o início da produção, a empresa deve faturar aproximadamente R$ 109,9 milhões. A empresa vai produzir 50 mil toneladas de cimento por mês.
Minas se consolida como polo
O promotor de atração de investimentos do Instituto de Desenvolvimento Integrado (Indi), Maurício Cecílio, disse que o instituto tem "uma expectativa muito positiva quanto ao crescimento da indústria cimenteira em Minas".
"A curva ascendente do consumo, motivada pela atividade crescente da construção civil, a perspectiva de grandes obras decorrentes da proximidade de grandes eventos como a Copa do Mundo, a demanda habitacional e a própria implantação de novos projetos industriais autorizam esse otimismo", afirmou.
O órgão mantém "conversações com diversas empresas, buscando evolução e entendimentos que assegurem novos empreendimentos". Minas Gerais é o maior produtor de cimento do Brasil, sendo responsável por 23,54% de toda a produção nacional. As 14 fábricas de cimento instaladas no Estado produzem 11,3 milhões de toneladas anuais.
Fonte: O Tempo-MG