Companhias correm para garantir mão de obra
Falta de mão de obra foi um dos maiores problemas que a indústria imobiliária enfrentou nos últimos anos
09 de novembro de 2009 - Um dos principais gargalos do setor de construção - consenso absoluto entre os especialistas ouvidos pelo Valor- é mão de obra, ou melhor, a falta dela. Não há mão de obra qualificada na quantidade que as empresas demandam e irão demandar. Foi justamente um dos problemas mais graves que a indústria imobiliária enfrentou entre 2007 e 2008.
"Embora haja várias iniciativas para suprir a falta de mão de obra, esse, que é o principal problema do setor, não se resolve do dia para a noite", diz Ana Maria Castelo, consultora da FGV Projetos. "Vai faltar mão de obra e o custo vai subir mais do que aço e cimento", afirma Marcelo Telles, analista do Credit Suisse.
De alguma forma, porém, as construtoras começam a se preparar. A PDG Realty acelerou a contratação de engenheiros neste ano. Quando constrói fora dos principais mercados, a empresa - dona da Goldfarb e CHL - manda uma equipe mais qualificada e experiente para treinar a mão de obra local, que é terceirizada. "O importante é ter os profissionais-chave para coordenar os novatos ", diz Zeca Grabowsky, presidente da PDG Realty.
A MRV está recorrendo a outros setores para contratar pessoal. "O Brasil tem desemprego. Estamos tirando pessoas de outras indústrias e investindo em capacitação", afirma Rubens Menin. Na opinião do empresário, o fato de os processos de construção na baixa renda serem padronizados, com grandes canteiros, facilita a capacitação de pessoal. "O calcanhar de aquiles são os engenheiros", diz o presidente da MRV, que aposta em um programa de trainees para suprir a necessidade desses profissionais.
A Gafisa implantou um programa de estagiários de engenharia civil e de produção. Atualmente, tem 250 engenheiros trabalhando e 450 sendo treinados. "Já existe uma demanda muito forte por engenheiros e só vai aumentar", informa. "Não é um gargalo estrutural, mas pode se tornar um problema se a empresa não estiver preparada", afirma o presidente Wilson Amaral.
A construção industrializada, que utiliza o método de paredes de concreto, usa menos mão-de-obra do que a construção tradicional e é apontada como uma possível solução para a falta de profissionais no setor. Praticamente todas as empresas que atuam na baixa renda estão testando o modelo, sobretudo para projetos de mais de 800 unidades, mas ainda há controvérsia.
A maior empresa especializada em baixa renda, a MRV, porém, é contrária. O presidente da empresa diz que já testou o modelo há mais de 20 anos. "É um método ultrapassado, de 25% a 30% mais caro e não economiza gente", assegura. "As empresas redescobriram agora e estão achando que é a solução, mas não é."
Fonte: Valor Econômico - SP