Companhias de construção voltam para a Bolsa após crise
Cenário favorável de demanda, empresas capitalizadas e super oferta de crédito, contribuem para o otimismo no setor imobiliário
13 de outubro de 2009 - A volta do aquecimento da economia brasileira vem beneficiando as companhias do setor de construção civil, refletindo seu desempenho na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa).
A última a se beneficiar dos números apresentados foi a Even Construtora e Incorporadora. Após divulgar seus dados sobre as vendas, suas ações ordinárias subiram 3,03% na Bolsa.
A Even anunciou na última sexta-feira que obteve recorde de vendas no terceiro trimestre de 2009, atingindo R$ 425,6 milhões. Esse valor foi 68% maior que no trimestre anterior, quando a companhia havia registrado vendas de R$ 252,9 milhões.
"No geral, o setor vem muito bem, porque o estoque de unidades que ficou de ser vendido por conta da crise já foi todo embora. Temos um cenário favorável de demanda, as empresas razoavelmente capitalizadas e super oferta de crédito, por isso existe um otimismo com o setor imobiliário", explica Pedro Klumb, especialista do setor de construção.
As companhias do setor sofreram muito com a crise financeira global, por conta de uma enorme euforia pré-crise. Muitas empresas abriram o capital na Bolsa sem estarem preparadas, prejudicando todo o setor de construção.
Porém, este ano é de intensa recuperação. As ações ordinárias da Rossi Residencial já valorizaram 266,97% no ano, seguida pelas ações ON da Brookfield, com alta de 226,05% e Cyrela Realty, com elevação de 175,49%.
No mesmo período, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, obteve crescimento de 69,80%. Os dados foram divulgados na sexta-feira pela consultoria Economatica.
Nos últimos 12 meses, os papéis da Rossi tiveram elevação de 333,49%, seguida pelas ações ON da BR Malls, com alta de 216,18% e Iguatemi Shopping (157,37%). O pior desempenho, porém positivo, ficou com as ações ON da Gafisa, com ganho de 55,79%.
"A crise ensinou muito para as empresas. Existia muita euforia na compra de terrenos, isso acabou se refletindo nos preços. Tudo já está se ajustando. Já se faz de novo permuta em terrenos e não só compra em dinheiro, os projetos estão sendo analisados com mais cuidado, são coisas que na época estava tem descuido", diz.
Com a volta da economia brasileira, as empresas do setor também se animaram em voltar para a Bolsa. Existem duas operações de oferta primária de ações (IPO, na sigla em inglês) em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ambas de construção.
A primeira, a Direcional Engenharia, deu início ao processo em agosto deste ano e a segunda, a Aliansce Shopping Centers, enviou o pedido para a CVM no final do mês passado. Além delas, a Brookfield Incorporações, o Iguatemi Empresa de Shopping Centers e a Cyrela Realty já estão em processo para nova emissão.
O Conselho de Administração da Gafisa anunciou no último dia 24, que foi aprovada a alienação, em Bolsa de Valores, de até 2.825.229 ações mantidas em tesouraria pela companhia. A operações será realizada pela instituição financeira Santander S.A. Corretora de Câmbio e Títulos.
De acordo com fontes de mercado, estas ações foram adquiridas durante a crise financeira ao preço médio de R$ 7, e serão colocadas aos investidores no valor aproximado de R$ 27, que resultaria em uma operação próxima aos R$ 75 milhões, sendo que foram recompradas ao valor médio de R$ 18 milhões.
O principal executivo da companhia, Wilson Amaral, já havia afirmado em outra ocasião, que a Gafisa não irá realizar nenhuma emissão de ações, pelo menos neste ano. A empresa está capitalizada, pois realizou emissões de debêntures no montante financeiro de R$ 850 milhões.
Bolsa de Valores
A BM&F Bovespa encerrou a sexta-feira em alta de 0,49%, aos 64.071 pontos. O volume financeiro foi de R$ 4,8 bilhões, com 342.530 contratos negociados. As ações mais negociadas foram as preferenciais da Petrobras, com volume de R$ 429,5 milhões e participação de 9,54% no mercado.
A maior valorização entre as ações que fazem parte do Ibovespa ficou com a preferencial da Gol Linhas Aéreas, com alta de 3,69%. Por outro lado, o papel que mais caiu foi o PN da Vivo, apresentando retração de 3,54%.
Fonte: DCI - SP