Construção amplia prática ambiental
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Maioria das medidas, em razão de custos, é adotada em empreendimento de alto padrão
15 de fevereiro de 2013 - Ainda que restritas às incorporações de alto padrão, as práticas sustentáveis têm sido adotadas cada vez com mais frequência na construção civil. Soluções sobre o que fazer com o lixo, reúso de água para paisagismo e vasos sanitários, economia de energia e telhados verdes estão entre as medidas que começam a ganhar escala e se tornar viáveis nos canteiros de obra.
"Essa é uma mudança recente, que tem acontecido em decorrência da importância que as certificações ganharam nos empreendimentos corporativos. Isso começou a tomar uma proporção maior em 2008 e, a partir daí, com o aumento da demanda por tecnologias sustentáveis, também houve redução dos custos para o acesso a essas tecnologias", constata Hilton Rejman, diretor de Desenvolvimento da CCP - Cyrela Commercial Properties.
Segundo Rejman, os locatários de espaços em prédios comerciais já dão preferência por instalar suas empresas em empreendimentos certificados e têm, cada vez mais, identificado mais vantagens nessa escolha. "Ainda esbarramos na questão do custo, que é mais alto em um prédio sustentável, mas acredito que em pouco tempo essa questão do preço vai se diluir e esses empreendimentos terão larga preferência em relação aos demais", diz.
Murilo Cerdeira, diretor-executivo da Brasilincorp, acredita que a tendência para a adoção de medidas que reduzam ao máximo o impacto ao meio ambiente pela construção veio para ficar. O executivo pondera, contudo, que, apesar de várias tecnologias já terem evoluído e se tornado mais acessíveis, ainda não é viável sua adoção em empreendimentos que não sejam de alto padrão. "Vamos caminhar para isso, mas será um processo", diz.
Cerdeira acrescenta ainda que, embora em diversas áreas haja práticas ambientalmente corretas, muitas outras ainda exigem aprimoramento para que todo o processo da construção seja sustentável. "Há necessidade de novas tecnologias ou de custos mais acessíveis, por exemplo, para reciclagem de elementos como gesso, graxa ou óleo", pondera.
Dentro do que está disponível, a Brasilincorp tenta utilizar a maioria dos recursos. Em um dos empreendimentos em fase de conclusão, localizado na Avenida Faria Lima, em São Paulo, várias dessas medidas são adotadas já pensando em novas possibilidades que poderão se tornar mais usuais na sociedade - entre elas, está a disponibilização de pontos com carregadores para carros e outros veículos leves movidos a eletricidade.
O edifício terá uma estação de tratamento de água de reúso (lavatórios, chuveiros e condensação das máquinas de ar-condicionado) e das chuvas que atenderá em 100% a irrigação destas áreas. Além disso, o sistema de controle do ar-condicionado poderá enviar relatório de mau funcionamento por e-mail e o diagnóstico poderá ser feito online diretamente pelo fabricante. Toda a tubulação do sistema de ar-condicionado foi embalada para que não fosse contaminada por fungos e bactérias e proporcionar, assim, o máximo de conforto ambiental.
Outro grande desafio sustentável do Brasil - em razão de seu potencial agrícola - está em não ampliar as áreas de plantio em prejuízo dos territórios de mata nativa. Mas a derrubada de florestas já deixou de ser a força motriz da expansão das plantações de soja brasileiras. Enquanto a produção americana sofre os impactos da seca, a liderança brasileira, desta vez, é baseada em tecnologia e recuperação de áreas de pastagem degradadas. Segundo estimativas, serão colhidas neste ano 82,6 milhões de toneladas, um crescimento de 24,5% em relação à safra anterior - o Centro-Oeste é responsável por mais de 60% deste total. No mesmo período, os EUA devem colher 77,8 milhões de toneladas, bem abaixo das 87,2 milhões previstas inicialmente, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Fonte: Brasil Econômico