Construção civil deve puxar crescimento do país
Setor deve fechar o ano de 2011 com uma expansão de 4,8%
07 de dezembro de 2011 - Apesar de sentir efeitos das medidas de contenção do consumo adotadas pelo governo federal no primeiro semestre, a construção civil brasileira deve seguir à frente do PIB em 2011 e 2012. Mais: são as indústrias do tijolo, do cimento e do aço que têm evitado uma queda mais dramática do PIB brasileiro.
Após dois anos com crescimentos espetaculares (8,3%, em 2009, e 15,2%, em 2010), o setor da construção civil deve fechar o ano de 2011 com uma expansão de 4,8%. Em dezembro de 2010, o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo) estimou em 6% o desempenho do ano.
Menor do que os anos anteriores, mas ainda à frente do PIB, que deve fechar o ano em 3%, aponta a indústria da construção civil.
"O importante é que essa indústria mantém-se num ritmo mais forte do que o PIB. Isso deve continuar nos próximos três ou quatro trimestres", diz Eduardo Zaidan, vice-presidente do Departamento de Economia do sindicato.
A previsão do setor, apresentada em São Paulo nesta terça-feira, aponta que a indústria da construção civil vai crescer 5,2% em 2012, enquanto o PIB do país avançará 3,5%.
Motivos
O governo deve acelerar a segunda fase do Programa Minha Casa, Minha Vida. Boa parte das unidades da primeira fase ainda não foram entregues. Mais de 60% do total de 1 milhão de unidades estão em fase de construção, portanto, com demanda de material. Da segunda fase, apenas 118 mil das 317,3 mil unidades contratadas foram entregues.
O crédito habitacional, que atingiu patamar de R$ 117 bilhões (30% além do volume de 2010), deve continuar expandindo no ano que vem. A previsão da coordenadora de projetos da FGV, Ana Maria Castelo, é de um crescimento nominal (não deflacionado) também de 30%, alcançando cifra da ordem de R$ 152,1 bilhões (entre recursos do FGTS e do Sistema Brasileira de Poupança e Empréstimo).
O financiamento dos projetos de infraestrutura seguem no mesmo ritmo de 2010. Até setembro, o BNDES --principal financiador desse setor-- havia desembolsado R$ 38 bilhões, R$ 1,5 bilhão além das liberações feitas em igual período de 2010.
Vale ressaltar que os desembolsos globais do banco caíram de R$ 128 bilhões para R$ 91,6 bilhões no período. Isso demonstra que a construção civil está com mais apetite do que outros setores da economia, como a indústria.
A taxa de investimento sobre o PIB está por volta de 20%, dois pontos percentuais a mais do que o patamar de dois anos atrás. A avaliação da indústria da construção é de que esse indicador mostra que o crescimento brasileiro não reflete só o consumo das famílias, mas também investimento.
As obras de mobilidade urbana e de arenas para os eventos esportivos da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos devem ganhar velocidade em 2012, o que também vai ocupar a indústria da construção civil. Além disso, os lançamentos não tendem a cair demais.
Zaidan, do Departamento de Economia do SindusCon-SP, arrisca dizer que em 2012 os lançamentos apenas na capital paulista não serão inferiores a 20 mil unidades.
Neste ano, dados do setor mostram que a cidade de São Paulo teve uma oferta de 26,3 mil novas unidades até outubro, embora o ritmo de venda seja bem menor: 19,8 mil. Inferior inclusive ao dado de 2010, quando até setembro (último dado disponível) as vendas de novas unidades atingiu 24,6 mil unidades.
Fonte: Folha de São Paulo