Construção civil deve ter crescimento recorde neste ano
E o cenário é favorável à continuidade dessa expansão para os próximos anos, estimulado pelo enorme déficit habitacional, estimado em 7 milhões de domicílios
20 de outubro de 2010 - O crescimento esperado para a construção civil em 2010 deve ser recorde, com alta entre 10% a 12% do seu Produto Interno Bruto (PIB) setorial. E o cenário é favorável à continuidade dessa expansão para os próximos anos, estimulado pelo enorme déficit habitacional, estimado em 7 milhões de domicílios, e pelo forte crescimento econômico que exige investimentos em infraestrutura. Porém, para que esse avanço potencial se configure como esperado há alguns desafios que precisam ser transpostos. Entre eles, a falta de qualificação de mão de obra e o elevado custo dos terrenos.
A economista Ana Maria Castelo, responsável pela divulgação do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse, durante a Construtech 2010, que a escassez de mão de obra qualifica deve ser revertida com urgência sob pena de frear a expansão da atividade. A construção civil é o segmento que mais emprega no País com 10 milhões de postos gerados. Entre janeiro de 2007 e julho 2010, o número de vagas cresceu 52%, consequência da expansão da economia. Entretanto, nos últimos anos muitos postos deixaram de ser preenchidos pela falta de qualificação de quem busca o emprego.
Um levantamento recente divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 62% das empresas da construção civil enfrentam problemas com a falta de qualificação no momento de contratar profissionais. Entre as grandes empresas, o percentual é ainda maior atingindo 80% delas. Alguns passos para resolver o problema foram dados por meio de parcerias entre sindicatos da construção e entidades profissionalizantes, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Mas, segundo Ana Maria, esse processo precisa ser acelerado.
Planos diretores
Outro obstáculo ao crescimento da atividade destacado pela economista foi o elevado custo dos terrenos, em especial, nas grandes metrópoles. "É preciso discutir os planos diretores desses centros para redefinir as regras de ocupação das áreas. Esse pode ser um caminho para baratear o custo da terra."
Ana Maria citou ainda a necessidade de se ampliar o conceito do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. Segundo a economista, a iniciativa deveria deixar de ser um programa e ganhar status de "política habitacional". Além disso, ela destacou a necessidade da criação de novas fundings para financiamento imobiliário além do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a poupança.
Desde 2005, a cadeia da construção passou a acelerar o crescimento. Desse marco até 2009, os investimentos na construção aumentaram 46%, uma média de 10% ao ano. Mesmo em 2009, com a crise, esse recursos mantiveram o ritmo. O último dado divulgado aponta que, no primeiro semestre de 2010, o PIB setorial atingiu R$ 79 bilhões, crescimento de 19,07% na comparação com igual período de 2009.
No ano passado, o segmento respondeu por 8,2% do PIB do País, movimentando R$ 224 bilhões, uma participação considerada modesta ante o potencial de crescimento vislumbrado pela atividade.
Fonte: Diário do Comércio - SP