Construção civil importa mão de obra
Para suprir demanda em alta pelo boom do setor, construtoras de Bauru buscam profissionais na região e até em outros Estados
17 de fevereiro de 2011 - A falta de pedreiros, especialmente com mão de obra qualificada, está fazendo com que profissionais de outras cidades venham trabalhar em Bauru. A maior parte dos trabalhadores vem de cidades da região como Piratininga, Agudos, Pederneiras e Lençóis Paulista. No entanto, segundo a regional Bauru do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), construtoras têm contratado também funcionários de outras regiões do Estado e do País.
O aquecimento da construção civil, impulsionada pelas facilidades na concessão de crédito e do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, foi responsável por elevar, em Bauru, o número de empregos formais no setor, que cresceu 60% entre os meses de novembro de 2009 e 2010, saltando de 10 mil para 16 mil carteiras assinadas.
Por conta da alta procura por esse tipo de serviço, as empresas estão pagando cada vez mais por bons profissionais, aumentando o valor da mão de obra. Isso tem atraído trabalhadores das pequenas cidade da região, que vêm a Bauru em busca de maiores salários. "Todos estão com dificuldades para contratar funcionários qualificados. Já soube de empresa que trouxe um ônibus com trabalhadores de outras regiões para cá. Como a oferta de empregos é maior e falta mão de obra na cidade, a promessa de salários é mais atrativa", constata Renato Parreira, diretor regional do SindusCon-SP.
O engenheiro civil Gilson Longhini administra obras em Bauru e em Agudos e afirma que está mais difícil contratar profissionais para atuar no município vizinho do que na cidade. "Grande parte dos pedreiros de Agudos já está trabalhando em Bauru, que tem um mercado que absorve muito facilmente os profissionais do setor de construção civil. A dificuldade para contratar é geral", aponta.
Morador de Lençóis Paulista, o pedreiro Valdomiro Contente da Silva trabalha como autônomo e conta com seis pessoas em sua equipe. Todos viajam diariamente para trabalhar em Bauru. "Tanto aqui quanto em Lençóis não falta serviço para a gente, mas, em Bauru, eu consigo ganhar mais", conta.
Em alguns casos, o pedreiro cobra, na cidade, praticamente o dobro do que cobraria em Lençóis Paulista. "Se lá um serviço custa R$ 1.000,00, aqui pode chegar a R$ 1.800,00. Financeiramente, compensa muito vir para Bauru todos os dias. Apesar disso, penso em me mudar para cá para ter mais tempo para descansar, sem precisar viajar", explica Valdomiro Silva.
Formação profissional
Com o objetivo de garantir a formação de profissionais qualificados para o setor da construção civil, Renato Parreira explica que o SindusCon mantém parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-Bauru), que oferece curso técnico na área. "Realizamos uma forte divulgação desse curso e solicitamos a criação de novos para formarmos mão de obra de qualidade. Queremos quebrar essa ideia de que esse tipo de profissão seja passada apenas de pai para filho ou do mais experiente para o menos experiente", aponta.
Segundo dados do SindusCon, o salário médio do pedreiro com registro em carteira na cidade de Bauru é de R$ 990,00; o de ajudante de pedreiro fica na faixa dos R$ 830,00. As expectativas do setor de construção civil são de crescimento nacional de 6% em 2011.
Pequenas obras ficaram mais caras
Com a contratação da maior parte dos profissionais da área de construção civil pelas grandes construtoras, está também mais difícil encontrar pedreiros para pequenas reformas particulares em residências. Com a falta de mão de obra, o valor pago por esses serviços também subiu muito nos últimos meses.
Noel Balonecker trabalha como pedreiro autônomo, atendendo a clientes particulares. Ele conta que, por conta da grande procura por seus serviços, aumentou em 30% o valor cobrado pela mão de obra. No entanto, o pedreiro afirma estar cada vez mais difícil encontrar trabalhadores para ajudá-lo nos serviços. "Muita gente foi contratada com registro em carteira. Por causa disso, eu tenho que fazer apenas obras menores, em que eu possa trabalhar sozinho ou com a ajuda de poucas pessoas", relata.
Em razão do alto valor cobrado por pedreiros, o funcionário público Pedro Moreira da Silva se viu obrigado a construir sua casa nova por conta própria. "Infelizmente, eu não tinha condições de pagar um bom profissional. Como trabalhei como pedreiro por muitos anos, resolvi eu mesmo tocar a obra com a ajuda de um servente", explica.
CEF apresenta novas linhas de financiamento para construtoras
Visando impulsionar ainda mais o setor de construção civil, a Caixa Econômica Federal (CEF) apresentou ontem a cerca de 80 empresários associados à regional de Bauru do Sindicato da Construção (SindusCon-SP) linhas de financiamento para empreendimentos habitacionais.
O encontro foi realizado na sede bauruense do SindusCon, onde foram lançados, na tarde de ontem, dois diferentes produtos: um voltado a construtoras com faturamento anual de até R$ 15 milhões e outro para empresas com faturamento superior a esse valor. "Nosso objetivo é atender ao anseio do mercado por mais opções de linhas de financiamento, incentivando a execução de novas obras para que mais cidadãos tenham acesso à casa própria", explica Geraldo Luiz Machado de Oliveira, superintendente da CEF.
"Essas novas linhas de financiamentos proporcionam algumas facilidades para o financiamento, ampliando o leque de opções para que as empresas escolham o modelo que melhor lhes convier", aponta Renato Parreira, diretor regional do SindusCon.
Fonte: Jornal da Cidade - SP