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Construção civil se torna principal opção para trabalhador

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Setor exige menor qualificação

04 de abril de 2013 - No bairro Nova York, um dos mais sofisticados de Araçatuba, um prédio residencial de 28 andares está sendo construído por uma equipe de 120 trabalhadores da construção civil. No meio deles, com 40 anos, o ex-cortador de cana Márcio Giovani da Rocha conta que não sente saudades do ofício que ocupou longas horas de sua vida durante oito safras consecutivas, dos 14 anos aos 22 anos.

Ele esclarece que o motivo que o fez largar a dura profissão e entrar na construção civil não foi a chegada das máquinas de colher, mas as condições degradantes que ainda rondavam a profissão, 15 anos atrás. "O trabalho começava às 5 da manhã e ia até às 4 da tarde. Era muito comum chegar em casa às 10 horas da noite. O ônibus, que nos levava até a estrada, vivia quebrado e a gente ficava parado na estrada", lembra.

Atualmente, as condições de dos cortadores de cana obedecem à rígida legislação trabalhista, mas, ainda assim, Rocha não se ressente de ficar na construção civil, mesmo com um salário menor.

Esse setor sempre foi a profissão alternativa para os trabalhadores braçais, por exigir uma menor qualificação. Particularmente durante os últimos cinco anos, o dinamismo desse setor ajudou a enxugar o contingente de cortadores que saiu da profissão.

Em Araçatuba, onde vivem mais de 180 mil pessoas, há neste momento, segundo o secretário de desenvolvimento econômico e relações do trabalho, Carlos Farias, mais de 30 torres comerciais sendo construídas, seis condomínios horizontais, além de três mil casas do programa Minha Casa Minha Vida. Ainda, outros dois shoppings centers estão sendo edificados na cidade. "Estamos na quinta ou sexta turma de formação de mão de obra para a construção civil. As construtoras também fazem seus cursos", diz.

Segundo levantamento feito pelo professor do Departamento de Economia Rural da Unesp de Jaboticabal, José Giacomo Baccarin, na região de Ribeirão Preto, que engloba 27 municípios, o uso de máquinas nos canaviais não trouxe impactos sociais negativos. "Na pesquisa que fizemos, constatamos que os outros setores absorveram esse pessoal", diz Baccarin.

Ele observa, no entanto, que um outro efeito da mecanização foi a queda dos migrantes. "Houve uma redução do contingente de migrantes vindos do norte de Minas e do Nordeste para São Paulo. Ainda não conseguimos monitorar o que ocorreu com essa população. Será o nosso próximo passo", avisa.

Fonte: Valor Econômico

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