Construção civil vai liderar contratações
Redução dos juros básicos, aumento do crédito habitacional e o programa “Minha Casa, Minha Vida” devem estimular geração de empregos no setor
08 de junho de 2009 - Os sinais de recuperação de atividade e, consequentemente, de oferta de empregos com carteira assinada no início de ano são mais consistentes na construção civil dentre todos os setores da economia brasileira, na avaliação de especialistas em mercado de trabalho.
Esses mesmos especialistas apontam dúvidas na durabilidade da eventual melhora no cenário industrial, que levou até mesmo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a afirmar que maio será um mês "bom" para a indústria da transformação na geração de vagas formais.
Fatores como a redução dos juros básicos, o apetite dos bancos por aumentar sua fatia no crédito habitacional e o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida, que ainda não deslanchou totalmente, devem estimular a construção civil nos próximos meses, com reflexos positivos na geração de empregos.
"São fatores que dão ânimo às construtoras para investirem e esperarem bom retorno", afirmou o supervisor do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sérgio Mendonça.
O analista não vê expectativas tão animadoras para a indústria de transformação no curto prazo. "No setor industrial, persiste uma dúvida se chegamos ou não ao fundo do poço", afirmou.
Na metalurgia, por exemplo, a produção de aço está sendo prejudicada pela queda dos preços no mercado internacional e a freada do consumo interno. A indústria extrativista também ainda enfrenta dificuldades.
"Não por acaso são setores onde ainda paira o fantasma das demissões", lembrou Mendonça. Já na construção civil, em contraponto, o técnico afirmou que já é possível considerar que o "fundo do poço" ficou para trás.
Potencial
O professor da Universidade de São Paulo (USP) José Pastore concorda que o potencial de crescimento da construção civil é "excelente". "Se projetos do "Minha Casa, Minha Vida" saírem do papel, esse setor pode até explodir."
Para ele, o desenho do programa é favorável às construtoras porque coloca a Caixa Econômica Federal como intermediária da oferta e da demanda, evitando que as empresas tenham de buscar compradores.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, comprovam que a construção civil é um dos setores com recuperação mais rápida na geração de ocupações formais de janeiro a abril deste ano, após o tombo de dezembro de 2008.
Fonte: Jornal do Commercio