Construção e governo discutem medidas
Presidente Lula quer que as obras do PAC não parem
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, convidou o setor da construção civil e da infra-estrutura para discutir na próxima quarta-feira (07/01) medidas a serem implantadas no novo pacote que será anunciado até o dia 20 deste mês conforme já antecipou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Foram convidados os presidentes da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, que prevê medidas da ordem de R$ 200 bilhões; e o presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, que espera novas desonerações tributárias para o setor. A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda disse ontem que não tinha acesso à agenda de quarta-feira do ministro. O órgão assegura que o presidente Lula "quer que as obras do PAC" não parem.
Pelas conversas que tem ouvido da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Safady acredita que o governo anunciará um pacote, o que chamou de "grande pacote", para fomentar o setor da construção e de infra-estrutura em 2009 no valor de R$ 200 bilhões.
"Essas seriam novas obras que seriam incorporadas ao PAC, além dos programas de habitação de interesse social", disse à Gazeta Mercantil. Segundo Safady, o pacote deve atender, além da construção civil e infra-estrutura, a indústria automotiva e agricultura.
Sem arriscar o valor do novo pacote, Godoy disse que o governo deve anunciar novas desonerações tributárias para os investimentos no setor.
De acordo com o presidente da Abdib, o governo deve focar os investimentos na construção civil e infra-estrutura - dois setores geradores de emprego. Apenas a construção civil representa 45% da formação bruta de capital fixo.
A idéia do governo, segundo os representantes do setor privado que vem participando das discussões, é focar os investimentos em ambos setores para compensar as perdas de investimento do setor privado na economia em 2009 em virtude da crise financeira internacional.
Não se sabe se os dois representantes da iniciativa privada serão recebidos no mesmo horário. Safady disse que se reunirá com o ministro às 16 horas. Godoy preferiu o silêncio.
Para Safady, os R$ 200 bilhões são suficientes para atender as obras a serem contempladas nas áreas de construção civil e infra-estrutura, principalmente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para ele, só devem ser contempladas as obras do PAC já licenciadas.
Dentro do pacote de infra-estrutura e habitação, sobretudo de interesse social, Safady diz acreditar que haverá medidas para incentivar a compra da casa própria com recursos da caderneta de poupança. Além disso, ele espera recursos para obras de siderurgia, mineração e crédito para as construtoras viabilizarem a produção de empreendimentos até junho deste ano. Assim, atender sobretudo a demanda de 2010 e 2011.
"Se não vier um investimento público forte para esses setores, o governo terá dificuldade de garantir o crescimento em tais setores", defendeu Safady.
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/jan