Construção lidera a criação de vagas em Campinas
Setor foi o único dos grandes segmentos empregadores a terminar o ano com saldo positivo na RMC
21 de janeiro de 2010 - O mercado de trabalho da Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou 2009 com saldo de 17.809 empregos gerados com carteira assinada. Campinas foi a cidade que mais abriu vagas formais, com um total de 5.268 contratações.
A construção civil foi o único dos grandes segmentos empregadores que terminou com números positivos em relação a 2008. As empresas do setor admitiram 5.738 pessoas em toda a região. O incremento de empregados trabalhando na categoria foi de 105,1%.
O aquecimento do mercado imobiliário e o Programa Minha Casa, Minha Vida impulsionaram as admissões na região. Enquanto o setor de construção civil viveu um ano considerado bom para o emprego, a indústria, que tem um grande peso na massa salarial, cortou 3.654 postos de trabalho.
As fábricas da região decresceram quase três vezes na geração de vagas em relação a 2008, quando foram contratadas 2.150 pessoas com vínculo formal. O declínio nas exportações influenciou diretamente no nível de emprego da indústria local.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) detalharam que o saldo das empresas de serviços foi 9.016 pessoas admitidas na RMC, mas a quantidade ficou abaixo dos 18.192 contratados em 2008 (51,8% menor).
A geração no comércio caiu 27,8%, passando de 7.193 para 5.195 novos empregados. O saldo geral da região no ano ficou aquém do esperado, conforme análise do coordenador do Departamento de Economia da Associação Comercial e Industrial (Acic).
A expectativa é de que o crescimento econômico projetado para 2010 recoloque o mercado de trabalho da RMC no mesmo patamar de 2008. "A região teve uma boa recuperação do emprego nos meses de setembro, outubro e novembro. Mas em dezembro voltaram as demissões. O corte de pessoal sempre acontecesse nessa época do ano. Porém, a estimativa é de que fosse menor do que o verificado, que chegou a 9.703 vagas. A única observação positiva é que a quantidade foi bem menor do que em dezembro de 2008, quando foram demitidos 16.461 trabalhadores", disse o economista da Acic e assessor da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, Laerte Martins.
O saldo de 17.809 postos gerados no ano na RMC ficou 43,3% abaixo do acumulado do ano anterior, quando a região abriu 31.415 vagas com carteira assinada. "A crise teve um grande efeito sobre o nível de emprego da região. A indústria sofreu muito, principalmente, porque as exportações caíram e prejudicaram a venda de produtos manufaturados da região. A expectativa é de que o quadro mude em 2010 e o mercado de trabalho local volte ao patamar de 2008", previu o economista. Martins destacou a construção civil como o grande empregador do ano de 2009 e ressaltou que o setor puxou as contratações formais no ano passado.
Perdas e ganhos
Três municípios da RMC terminaram 2009 com saldo negativo no mercado de trabalho. Em Jaguariúna, foram perdidos 921 empregos formais. Na cidade de Santo Antônio de Posse, foram cortados 572 postos com vínculo formal e a terceira posição ficou com Nova Odessa, com 561 demitidos. Campinas liderou a abertura de vagas com 5.268, seguida de Paulínia com 2.608 admitidos e, depois, ficaram empatadas Itatiba e Valinhos com 2.085 contratações.
"Campinas se destacou na criação de postos de trabalho na RMC e Paulínia ganhou muitas vagas na construção civil, que a colocou com o segundo melhor saldo do ano", observou o economista.
O diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Luiz Amoroso, afirmou que a previsão para este ano é ampliar ainda mais os postos de trabalho no setor. "Boa parte dos projetos do Minha Casa, Minha Vida aprovados no ano passado começarão as obras em 2010", salientou. Amoroso comentou que o ano de 2009 teve início de forma preocupante para a construção civil. "Nós tivemos que demitir pessoal, mas em abril já estávamos com o mesmo nível de mão de obra de antes da crise", disse.
Ele informou que, no País, há 2,350 milhões de trabalhadores na construção civil. Na RMC, a estimativa é de 76 mil pessoas e, em Campinas, mais de 16 mil.
Demissão em dezembro frustra meta do governo
Demissões acima da expectativa no final do ano frustraram a meta do governo de atingir a meta de gerar um milhão de empregos formais em 2009. No ano passado, foram criados 995.110 novos postos de trabalho com carteira assinada, o pior resultado desde 2003 - primeiro ano da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O resultado refletiu a perda de 415.192 vagas somente em dezembro - número que ficou acima da média normalmente verificada nesse período, sugerindo que a recuperação do mercado de trabalho pode não estar ainda tão consolidada como parecia. De qualquer modo, a perda de empregos foi menor do que a verificada em dezembro de 2008, no auge da crise, quando 654.946 vagas foram fechadas.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, amenizou a surpresa negativa. "No meio de uma crise, conseguir gerar praticamente um milhão de empregos é um dado altamente positivo. Mostra a força da economia brasileira", disse ele.
Fonte: Correio Popular -SP