Construção movimenta US$ 133 bilhões no trimestre
Número representa um crescimento de 4% ante ao mesmo período do ano passado
20 de maio de 2011 - O momento aquecido da construção civil brasileira já deu sinais de crescimento nos três primeiros meses do ano, movimentando U$ 133 bilhões entre obras residenciais, industriais e comerciais. O número representa um crescimento de 4% ante ao mesmo período do ano passado, de acordo com números da consultoria ITC Net. O crescimento, no entanto, traz a tona discussões sobre o gargalo de mão de obra e material para construção nos próximos meses.
De acordo com os números da pesquisa, o líder em investimentos continua sendo o setor industrial, que movimentou aportes de U$ 96,7 bilhões nas 819 obras, 73% de todo o investimento do setor no primeiro trimestre. "O segmento da indústria sempre tem os maiores aportes em função dos grandes investimentos para obras, pela grandiosidade dos projetos", afirmou Viviane Guirao, que desenvolveu a pesquisa pelo ITC Net.
O investimento na industria, no entanto, é o que mais cresceu no primeiro trimestre. Em 2010 os três primeiros meses do ano representaram aportes de US$ 79,4 bilhões, 17% a menos do que o registrado este ano. O motivo, de acordo com César Coutinho, professor de engenharia civil da Universidade Mauá está ligado às obras para Copa do Mundo, Olimpíadas, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. "Temos de levar em conta o número de investimentos em obras de infraestrutura, além de todo o crescimento da indústria de bem de consumo e mineração, que é o destaque do período avaliado", diz.
Exemplo do momento, lembra Coutinho, é a Usina Termoelétrica da Wartsila, no Complexo Portuário de Suape, em Ipojuca (PE) que terá investimento de 200 milhões de euros. "Esse montante é apenas uma pequena parte dos investimentos feitos em Pernambuco nos últimos meses. Temos conhecimento de haver cerca de 35 empresas em fase de construção das obras, o que significa aportes de R$ 17 bilhões no ano, só no estado", afirmou.
Em queda
Na outra ponta da análise, o comércio aparece em queda, comparado ao primeiro trimestre do ano passado. Os números revelam que os U$ 23, 6 bilhões investidos este ano é 37% menor do que os US$ 37,5 bilhões de 2010. "Esse número não reflete, exatamente, um desgaste do setor. Significa que para construção o mercado industrial tem oferecido mais oportunidade e, grandes investidores que antes olhavam para construções de prédios comerciais e shopping agora também investem em construções fabris", afirmou Coutinho.
Residências
Dos setores da construção, o residencial é o que carrega maior estabilidade, com alta de 8% este ano ante ao ano passado. "Não iremos notar grandes mudanças no setor residencial, porque já há uma estabilidade com relação à crédito para investir e modelo de construção, como o ´Minha Casa, Minha Vida´", diz Coutinho.
O crescimento, de acordo com o acadêmico, superou um pouco o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o que já era esperado. "Os olhos estão voltados para a indústria, este ano e o ano que vem será a vez da indústria brasileira", previu.
Gargalos
Para acompanhar a crescente construção, dois problemas se fazem cada vez mais presentes na rotina das grandes construtoras: falta de mão de obra qualificada e material de construção.
"Com atuação predominante em Brasília (DF) notamos hoje uma dificuldade imensa de conseguir material de construção que, por questões logísticas, demora para abastecer o centro-oeste e chega imensamente mais caro", diz Antonio Greoles Solé, diretor do grupo espanhol Araguaia Construcciones.
Com relação à falta de mão de obra, Antônio Setin, da Setin Incorporadora, esclarece: "Gargalo é a palavra exata, porque vivemos um período de entressafra de pessoas especializadas, o que eleva o preço". O executivo, no entanto, prevê que em alguns anos essa realidade mude: "Logo teremos mais profissionais de obras no mercado, e o ritmo volta".
Fonte: DCI - SP