Construção: MRV e PDG mais que dobram lucro no trimestre
Mas números deste ano se comparam com uma base fraca, já que os primeiros três meses de 2009 foram os piores da indústria.
7 de maio de 2010 - Os resultados do primeiro trimestre de duas das três maiores empresas do setor de construção comprovam que o mercado imobiliário está, de fato, aquecido e que as construtoras estão em pleno ciclo de crescimento - amparadas em uma rodada bem sucedida de captações em bolsa. Tanto MRV quanto PDG Realty mais que dobraram o lucro em relação ao mesmo período de 2009. A MRV teve um ganho líquido de R$ 115,8 milhões, alta de 136%. A PDG Realty apresentou lucro de R$ 136 milhões, uma elevação de de 153%.
As duas empresas registraram crescimento importante nos principais indicadores financeiros e operacionais. A receita operacional líquida da MRV foi de R$ 568 milhões, 108,7% acima dos R$ 272 milhões do primeiro trimestre de 2009. A PDG Realty teve receita de R$ 613,2 milhões, alta de 96% sobre o ano anterior. A MRV vendeu R$ 732 milhões, alta de 70%, e lançou R$ 606 milhões (elevação de 125,7%). A PDG negociou R$ 842 milhões, 101% acima do primeiro trimestre de 2009, e lançou R$ 845,7 milhões.
São dois momentos distintos, porém. Apesar da típica sazonalidade do início do ano, os primeiros três meses foram os piores da indústria em 2009. Este ano, além de uma situação financeira mais confortável, as empresas contam com uma resposta mais favorável da demanda.
Com tamanhos muito próximos até este trimestre, as duas empresas vão se distanciar com a compra da Agre pela PDG Realty, que, agora, passa a disputar com a Cyrela a primeira posição do setor.
Mas não é somente nos números que as diferenças se acentuam a partir de agora. Consideradas sempre as duas grande companhias com melhor representação na baixa renda, a PDG - após a aquisição da Agre - diminui a sua exposição aos imóveis populares. "Nós vamos continuar fazendo o que já fazemos há 30 anos e sabemos fazer bem", afirma Rubens Menin, presidente da mineira MRV.
No primeiro trimestre, porém, os números já diferem. Na PDG, 56% das unidades lançadas no segmento econômico estão dentro do programa Minha Casa, Minha Vida - o que representa cerca de 50% do total. Esse número deve ficar abaixo de 40% com a aquisição da Agre, segundo Zeca Grabowsky, presidente da PDG. "Nosso objetivo é crescer e diversificar", diz. Na MRV, 81% dos lançamentos são elegíveis ao programa habitacional do governo. A MRV repassou 4,7 mil unidades para a Caixa Econômica Federal nos primeiros três meses do ano.
Com uma situação de caixa mais confortável, a MRV teve queda de 61% na dívida líquida, para R$ 148 milhões. A PDG Realty fechou o trimestre com endividamento líquido de R$ 695,4 milhões, queda de 12%. Ambas fizeram emissões de debêntures simples no trimestre.
Uma vez aprovada a aquisição da Agre nas assembleias, o resultado consolidado das duas companhias (Agre e PDG) já deve ser apresentado no segundo trimestre - retroativo a partir de 1º de abril. Nos primeiros trimestres, os números consolidados de PDG devem mudar bastante por conta da Agre - ainda que a empresa represente cerca de um terço da compradora.
A PDG herda uma dívida pesada - e cara- da Agre. Segundo Grabowsky, a ideia é renegociar e securitizar parte da dívida. A dívida líquida da PDG sobe para quase R$ 2 bilhões com a compra. Por outro lado, as ações da companhia ganham liquidez. A participação no Ibovespa sobe para mais de 2% - a Agre entrou no índice no dia do anúncio da compra - e passa a ser a mais alta do setor.
A PDG fez uma joint venture com a LN, empresa que atua em Curitiba e no Paraná e está negociando a compra de 50% de uma empresa de pré-moldados.
Fonte: Valor Econômico - SP