Construção recua, mas atrai apostas
A pressão vendedora atingiu em cheio o Ibovespa e se espalhou por um leque de setores
09 de dezembro de 2010 - Ações de construtoras foram as mais afetadas pelo movimento de queda da Bolsa, por conta do reporte de aumento da inflação, que passou de 0,75%, em outubro, para 0,85%, no mês passado, um recorde em oito anos para o mês. O mercado também preferiu aguardar a informação sobre a taxa de juros, que seria decidida após o fechamento do pregão, e ao valor do Produto Interno Bruto referente ao terceiro trimestre, que será divulgado hoje. Após o encerramento da sessão, o Banco Central anunciou que decidiu manter a Selic no patamar de 10,75%.
Do setor imobiliário, os maiores recuos foram relatados, pela ordem, pelas ações da Gafisa ON (4,54%, a R$ 11,35), Brookfield ON (4,32%, a R$ 7,97), Rossi ON (4,3%, a R$ 14,24), Cyrela ON (4,05%, a R$ 21,06) e MRV ON (3,21%, a R$ 16,26).
De acordo com Paulo Hegg, da Um Investimentos, os papéis de imobiliárias vêm registrando fortes declínios desde que o governo adotou medidas para reduzir a liquidez do mercado, como com o aumento de compulsório, para conter a aceleração inflacionária. "O aumento da Selic já é um consenso para o mercado, porém só para a reunião (do Banco Central) que será promovida em janeiro. Mesmo com a elevação dos juros, no entanto, o setor continuará aquecido, por conta do déficit habitacional do País, e por causa das construções que terão de ser feitas para a realização da Copa e da Olimpíada." No acumulado do mês, todas as ações de imobiliárias apresentam retrocesso. No saldo anual, porém, os papéis de construtoras registram direções distintas no Ibovespa. Os títulos de imobiliárias que têm o foco nas classes C e D são os que mais engordam, como MRV (15,32%) e PDG (14,58%).
Já os papéis de empresas voltadas para as classes A e B acumulam retração, como Gafisa (19,62%) e Cyrela (14,04%). "As empresas que atendem às classes médias mais baixas têm se beneficiado da demanda por imóveis pelo programa Minha Casa, Minha Vida e por conta do aumento da renda da população.
Por outro lado, a desvantagem dessas empresas é que as margens são mais comprimidas", acrescenta Hegg.
Ativa Recomenda MRV
A Ativa Corretora recomenda compra das ações da MRV, com preço justo de R$ 23,89, pelo fato de a empresa ser a maior incorporadora, entre as listadas na Bolsa, focada sobretudo na baixa renda.
Para a Socopa Corretora, no entanto, uma boa aposta no curto prazo é nos ativos da PDG, porque, segundo a corretora, a cotação das ações da companhia não refletem o seu porte no mercado.
"Queremos ressaltar que os múltiplos de empresas com market share mais elevado, normalmente, apontam maior precificação em relação às companhias de menor porte, o que pode ser explicado pelos ganhos de sinergia e menor risco operacional", escreveu a esquipe da Socopa, em relatório.
O maior retrocesso da sessão, entre os papéis do Ibovespa, no entanto, foi apresentado pelas ações da Brasil Ecodiesel ON (7,21%, a R$ 1,03), após a produtora de biocombustível confirmar que selou acordo para se associar ao grupo Maeda.
Já a ponta compradora foi liderada pela Light ON (1,52%, a R$ 23,34). Segundo Marcos Severine, analista da Corretora Itaú, o momento é ideal para se posicionar em ações de energia elétrica, as quais ele ratificou como overweight (acima do peso do mercado), por estarem com um bom espaço para recuperação após a expressiva realização de lucros recente. Para o analista, as melhores opções para o curto prazo estão nas ações da AES Tietê PN, Light ON e Eletrobras PNB.
Fonte: Jornal do Commercio - RJ