Construção retoma contratações
Facilidade de acesso a créditos contribui para aceleração da construção em Mogi das Cruzes e região
14 de junho de 2010 - O espantoso crescimento de 9% da economia brasileira no primeiro trimestre de 2010, na comparação com igual período de 2009, a facilidade de acesso a créditos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida, além de obras públicas em andamento na Cidade, têm contribuído para uma aceleração da construção civil em Mogi das Cruzes e Região. É o que afirmam especialistas na área. As contratações estão em expansão, elevando os salários, uma vez que faltam profissionais no mercado, e os preços das matérias-primas. Construtoras passam por dificuldades em contratar desde engenheiros e mestres de obras até pintores, pedreiros, carpinteiros e eletricistas.
O Secretário Municipal de Desenvolvimento, Marcos Damásio, por exemplo, afirma que o segmento na Cidade está a todo vapor. "Que estamos em franco crescimento é indiscutível. Podemos destacar o Programa Minha Casa, Minha Vida, que estimulou novos investimentos. A Helbor, a MRV e a J. Bianchi estão apostando em Mogi novamente. Também temos uma expansão do setor que ainda virá por conta das obras públicas: teremos a construção de dois viadutos, do Hospital de Braz Cubas, entre outras. Isso sem falar na construção civil privada de cunho comercial, como a vinda de grandes lojas como o Walmart [o grupo negocia a compra de parte da antiga área do Demapo, no Mogilar] e o Makro [previsto para funcionar até o final deste ano atrás do Ginásio Municipal, também no Mogilar], além do Hotel Íbis, que será erguido na Avenida Vereador Narciso Yague Guimarães".
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego, também revela a expansão da construção civil em território mogiano. "Apenas neste segmento, tivemos 7.125 pessoas contratadas em todo o ano de 2009. Nos primeiros quatro meses de 2010, já superamos a marca de todo o ano passado, com 7.564 empregos gerados pela construção civil entre janeiro e abril. São 400 vagas a mais e a gente nem está contando com a performance obtida em maio".
Presidente da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Mogi das Cruzes e Região (Aeamc), Nelson Bettoi Batalha Neto concorda. "A construção civil está aquecida. Há maior procura por imóveis porque o acesso ao crédito está mais facilitado. Percebe-se que estão acontecendo contratações no estado inteiro. Aliás, faltam engenheiros, pedreiros, carpinteiros, eletricistas e encanadores e mestres de obras".
Para Neto, existe uma lacuna na formação destes profissionais. "Falta qualificação, capacitação específica. Antes deste boom, não havia o hábito destes trabalhadores frequentarem as salas de aulas. Agora isso está fazendo falta, já que o mercado está mais exigente. É difícil encontrar um mestre de obra porque é um profissional que precisa reunir conhecimentos em ferragem, hidráulica, elétrica, entre outras atividades, como ler e interpretar projetos, coisa que pedreiros não fazem".
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Mogi das Cruzes e Região (Sintramog), Josemar Bernardes André também enxerga a expansão do segmento. "O aumento das contratações é o que temos verificado, com destaque para Mogi, com população e renda per capita mais elevadas em relação a outras cidades. Temos a área pública bem forte e a privada, no setor imobiliário, é outra que está crescendo bastante", diz.
Ele é outro a destacar que o segmento, na Região, sofre com a carência de profissionais bem preparados. "Falta qualificação, o que motiva o empregador a buscar gente de fora: de São Paulo, do Norte, do Nordeste", diz. Para André, a maior dificuldade atual é encontrar carpinteiros. "Estes estão no topo da lista da escassez. Temos falta de pedreiro de acabamento e até de pedreiro de alvenaria. Hoje está muito difícil para uma empresa montar uma equipe. Tem obras em todos os cantos do País".
A falta do aperfeiçoamento, além das poucas escolas disponíveis, esbarra numa questão cultural. "Quem hoje está dentro da construção civil nunca foi aprender em salas de aula. Entrou como ajudante e aprendeu tudo na prática. Essa falta de preparo era estimulada, há um tempo atrás, pelo fato de que não havia demanda, não havia mercado. Em pouco tempo houve um aumento da demanda, o ambiente ficou bastante interessante, mas o processo de formação é demorado, leva anos".
André defende a realização de novos cursos na Região. "Precisamos aqui na Região de cursos de capacitação. Estamos mobilizando as construtoras a financiarem cursos preparatórios nos próprios locais de trabalho. É uma maneira de aproximar os trabalhadores da empresa. Em cursos do Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] ou de outro poder público, o risco é de os formandos desaparecerem, irem para outras regiões. Por isso acredito que, com cursos no lugar de trabalho, a categoria vai ter mais estímulo para se aprimorar".
Fonte: Diário de Mogi - SP