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Construção segura inflação com estoques

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Momento é de cautela, apontam analistas e empresários

22 de abril de 2014 - O crescimento médio de 121,6% no valor dos imóveis no Brasil nos últimos cinco anos, somado ao crescimento menor na velocidade das vendas, vem segurando o impacto da inflação no preço dos imóveis no País. Analistas e empresários apontam que o momento é de cautela, mas o trabalho de venda dos imóveis "encalhados", que contabilizam R$ 14,6 bilhões só entre as quatro maiores construtoras do País, deve fazer com que o consumidor sinta menos o efeito da inflação.

"O impacto que outros setores sentirão com a inflação não deve ser verificado entre os imóveis, pois há a perspectiva de o mercado se sustentar este ano pela venda de imóveis em situação de estoque, de imóveis que foram construídos com valores dos últimos dois anos", diz Jorge Freitas, engenheiro civil e doutor em economia da Universidade de Brasília (UNB).

Para o presidente da construtora pernambucana Lilás, Roger Santos, a realidade de venda de estoque é mais verificada entre as grandes empresas. Quando o assunto são as menores - como a Lilás - o momento é de cautela, principalmente em função da alta no preço dos materiais. "Houve um grande reajuste salarial para os trabalhadores da construção. Somando isso ao preço do material para obras, que apresentou altas de 3% a 5% até agora, esperamos um ano com finanças apertadas". A respeito da possibilidade de uma bolha, Santos se mostra cético. "Não há risco de uma bolha no País. Os imóveis se valorizaram muito acima da inflação nos últimos cinco anos, após quase duas décadas com reajustes mínimos. Esse é um período de transição e analistas já apontam: ano que vem os preços começam a entrar em equilíbrio".

Entre as grandes empresas do País, a inflação deve impactar ainda menos. Segundo a Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), apenas na da MRV Engenharia, Cyrela, Direcional e Gafisa há imóveis em estoque com valor de R$ 14,6 bilhões. "As empresas devem ainda lançar novos empreendimentos, em locais com alta aceitação, mas o ritmo de lançamento cairá este ano, e com o alto volume de imóveis 'encalhados' o consumidor não sentirá o reflexo da inflação", garante o professor.

Segundo o presidente da ABMH, Leandro Pacifico, atualmente, mais da metade dos apartamentos lançados não encontram compradores nos seis primeiros meses depois de lançado. "Dado muito diferente do que se via há três anos, quando lançamentos se esgotavam rápido."

De opinião similar compartilha o consultor da Métodos Engenharia, Cristian Ferreira. Na opinião do analista, mesmo com estoques em alta as grandes empresas do setor continuarão lançando. "Isso acontece em função dos planejamentos feitos há cinco anos, quando as construtoras de capital aberto captaram muito investimento e fizeram planos sem contar com queda no ritmo da economia".

Na contra mão deste pensamento o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, acredita que a impressão ruim passada pelas grandes construtoras de capital aberto não refletem o mercado atual. "Quando abriram capital, essas empresas captaram muito dinheiro, compraram muitos terrenos para crescer de uma maneira inorgânica, as vezes, sem planejamento. E isso vem afetando o resultado delas", disse o executivo, em evento na capital paulista.

Na opinião de Odebrecht, o País ainda conta com alta demanda, e construtoras menores, que apostem em crescimento orgânico, ainda possuem um mercado para explorar. "O mercado oscila, mas tem oportunidades. É preciso olhar com calma projeto por projeto, e escolher os certeiros. Não há espaço para errar".

Imóveis comerciais

Em situação um pouco diferente, construtoras que atuam com imóveis comerciais não projetam uma perspectiva de bolha. Segundo recente relatório divulgado pela Colliers International, a taxa de vacância do setor fechou com 17,7% no País, em 2013, dado que, para o diretor geral da Rossi Residencial, Guilherme Rossi, aponta para um equilíbrio.

Para Rossi, o aumento de disponibilidade foi motivado pela entrega de diversos empreendimentos ao longo do segundo semestre e por isso alguns espaços não foram locados no período. Neste ano, mais galpões serão finalizados e a tendência é que a taxa de ocupação se mantenha estável ou tenha uma leve alta. "No entanto, não há o que se temer, haja vista que um dos setores que mais crescem na economia é o e-commerce. Com o constante aumento de vendas, certamente essas empresas precisarão de áreas para armazenar os estoques. Por isso, acredito que os níveis de demanda e oferta deverão se ajustar a partir de 2015", disse.

Fonte: DCI

 

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