Construção vive boom de ofertas na Bolsa
Empresas do segmento também se destacam no que se refere à captação de recursos
28 de setembro de 2009 - A expectativa de aquecimento do ramo de construção civil tem colocado as ações de construtoras e incorporadoras, além de bancos e financeiras ligadas ao setor, no centro do radar do mercado financeiro.
Além de estarem no topo dos ganhos da Bolsa no ano, as empresas do segmento têm se destacado no que se refere à captação de recursos.
Nas últimas semanas, as principais companhias do setor imobiliário -Direcional Engenharia, Rossi, PDG Realty, Cyrela e a financeira Brazilian Finance & Real State- anunciaram operações para emitir novas ações como forma de levantar capital para se preparar para o esperado boom do ramo imobiliário, especialmente no segmento de baixa renda, contemplado pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
O problema é que, ao emitirem mais ações, essas empresas acabam por inundar o mercado com seus papéis, o que tende a fazer com que percam força. Os expressivos ganhos acumulados pelas ações do setor também geram dúvidas entre os analistas em relação à possibilidade de ainda terem fôlego para continuar em rota de alta.
Para Ricardo Almeida, economista do Insper, há uma expectativa no mercado de aumento no preço de terrenos e de insumos para construção. Por isso, as construtoras buscam elevar seus bancos de terrenos e investir em tecnologia para conseguir participar do Minha Casa, Minha Vida, programa limitado a imóveis com valor de R$ 130 mil.
"No setor de construção e de shopping centers, talvez esteja havendo uma corrida (para fazer IPO). A primeira a fazer oferta foi a MRV, que captou um dinheirão. Todo mundo parece que está fazendo. A posição da empresa nessa corrida é fazer ou morrer. Quem ficar por último vai ficar em desvantagem. O setor de construção está claramente eufórico por causa do Minha Casa, Minha Vida. O problema é que, se os custos subirem, só algumas poucas construtoras vão se dar bem", diz Almeida.
"Consideramos que algumas das ações mais líquidas do setor estão bem precificadas, com avaliações que pressupõem um nível alto de crescimento, que poderão se provar superotimistas. Adicionalmente, o excesso de ações no setor, totalizando mais de R$ 3 bilhões, deverá pressionar a performance das ações do setor", avalia o Barclays Capital em relatório enviado a clientes.
A Rossi Residencial, que entrou com pedido na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no último dia 15 para emitir mais ações, é uma das que mais subiram na Bolsa de Valores no ano. Seus papéis ordinários computam valorização de 293,7% em 2009. No mês, a Rossi também se mostra como uma das mais lucrativas da Bolsa, com alta de 21,99%
Já a Gafisa tem demonstrado menor fôlego para se manter em alta. A ação ordinária da empresa tem apreciação de 158,7% no ano, mas em setembro está com queda de 1,68%.
No caso da PDG Realty, que também entrou recentemente com pedido na CVM para fazer nova oferta de ações, seus papéis têm tido desempenho mais tímido no mês. Com alta de 2,53% em setembro, a ação tem ganho anual de 154,71%.
Outra ação de grande destaque na Bolsa até o momento é Abyara ON, que tem ganhos anuais de 291,1%. Dada a expansão do segmento, a BM&FBovespa inclusive criou um índice apenas para acompanhar o desempenho de empresas do ramo imobiliário.
Fonte: Folha de S. Paulo - SP