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Construtora busca US$ 1,5 bi com bônus externo

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Odebrecht anunciou operação que envolve duas tranches

18 de abril de 2013 - O setor de construção pesada colocou seu time na rua para buscar parte da liquidez internacional disponível. Três das grandes construtoras do país estão em vias de fechar emissões de dívida no exterior, que devem alcançar pelo menos US$ 1,5 bilhão. Ontem, foi a vez de a Odebrecht anunciar uma operação que envolve duas tranches, uma denominada em reais e outra em dólares. As construtoras OAS e Andrade Gutierrez também sondam os investidores estrangeiros para levantar recursos.

Segundo Rodrigo Fittipaldi, diretor de mercado de capitais do BNP Paribas, faz sentido para o setor de construção pesada recorrer ao mercado externo em dólares, já que essas companhias têm operações fora do país. Além disso, essas empresas atuam num setor bastante ativo e que exige altos investimentos: o de infraestrutura local. Para as construtoras que têm interesse em emissões em reais - caso da Odebrecht -, essa é uma opção interessante, e o mercado também está aberto, acrescenta.

Para um executivo de banco de investimento que pediu anonimato, bônus de construtoras devem contar com uma boa demanda por parte dos investidores, apesar dos perfis de dívida muito distintos entre si. "Os compradores desses papéis lá fora sabem que há uma forte necessidade de investimento no setor de infraestrutura no Brasil nos próximos anos, o que irá gerar caixa para essas empresas, permitindo que elas paguem os cupons dos papéis sem problemas", disse.

Ele ressaltou, contudo, que Odebrecht, por ser um emissor recorrente e com grau de investimento, deve conseguir a melhor taxa. O apetite do investidor estrangeiro, contudo, continua forte por bônus de mercados emergentes, em geral. "Com os juros pagos pelos títulos do Tesouro americano ainda muito baixos, o mercado está supercomprador, o que mantém o custo para os emissores bastante atraente", pondera Fittipaldi.

O grupo Odebrecht é um emissor frequente, mas neste ano ainda estava fora do mercado. Em 2012, incluindo captações da Braskem, levantou US$ 5,969 bilhões com emissões de títulos e empréstimos. Só de bônus, foram US$ 3 bilhões, segundo dados do Valor Data.

Na nova transação, as emissões serão feitas em nome da Odebrecht Finance, com garantia da Construtora Norberto Odebrecht. Os bônus em reais, que devem alcançar R$ 500 milhões, terão vencimento em 2018 e foram lançados com uma estimativa inicial de retorno ao investidor de 8,5% ao ano.

Já os títulos denominados em dólares, com vencimento em 2025, saíram com uma estimativa inicial de rendimento de 4,625% ao ano e devem atingir pelo menos US$ 500 milhões. Segundo fonte do mercado, a empresa vai propor a troca dos títulos para 2020 e 2023 pelos papéis mais longos. Coordenam a operação BTG Pactual, Credit Agricole, Deutsche Bank, Santander e Scotiabank. Os papéis receberam rating "Baa3" pela Moodys e "BBB-" pela Standard &Poors e pela Fitch, ou seja, foram classificados na faixa de grau de investimento.

Já a OAS terminou ontem "road show" para testar o apetite dos investidores para uma emissão de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões em bônus perpétuos. O grupo teve o seu rating corporativo elevado na sexta-feira para "B+" pela Fitch - o mesmo da emissão -, abaixo do grau de investimento.

Segundo Tiago Bernardes, gerente de estruturação de projetos da OAS, a captação de recursos no exterior é um caminho natural para empresas brasileiras da faixa "high yield", com perfil de dívida mais arriscado e que pagam mais rendimento ao investidor. "O mercado de capitais local olha muito para a nota da empresa. Lá fora já estão mais acostumados a empresas com ratings menores e prazos de maturação maiores", disse ele, em evento ontem em São Paulo.

A companhia fez sua estreia no mercado externo em outubro do ano passado, quando captou US$ 500 milhões com bônus para 2019. A demanda, informou Bernardes, superou US$ 5 bilhões. Segundo ele, a emissão atual, coordenada por BB Securities, Bradesco BBI, BTG Pactual, Deutsche Bank, HSBC, Itaú BBA e Santander, visa atender os investidores que ficaram de fora da primeira operação.

A construtora Andrade Gutierrez contratou os bancos BTG Pactual, J.P. Morgan e Espírito Santo Investment Bank para coordenar uma série de encontros com investidores no exterior para avaliar sua primeira emissão de bônus lá fora. O "road show" começou ontem no Chile e segue até o dia 22 por Estados Unidos e Europa. A emissão, de cerca de US$ 500 milhões, recebeu o rating "Ba1" da Moodys, abaixo do grau de investimento. Os recursos serão usados para pagar dívidas que vencem em 2013 e 2014.

Fonte: Valor Econômico

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