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Consumidores de aço tentam reverter taxa de importação

Texto: Redação AECweb

Representantes do setor de bens de capital, pela Abimaq, se reunirão, hoje com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

23 de junho de 2009 - Um dos grandes apelos da indústria siderúrgica brasileira com o início da crise econômica que levou para baixo a demanda do aço em todo o mundo está gerando controvérsias entre as usinas e os principais consumidores de aço do País.

Com o aumento das taxas de importação de diversos produtos siderúrgicos, o medo de alguns setores industriais é que uma queda mais significativa do preço do aço, a exemplo do que já está ocorrendo em outros países, fique ainda mais distante do mercado brasileiro.

Para tentar reverter a decisão, os setores consumidores do aço já começam a se organizar. Representantes do setor de bens de capital, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), se reunirão, hoje, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, para discutir sobre o assunto, segundo informações da entidade.

As usinas siderúrgicas, por outro lado, estão satisfeitas com a medida, que há tempos estava sendo solicitada ao governo, sob a alegação de que a entrada de aço de fora estava prejudicando a indústria local, por conta de competição desleal. Procuradas, a Gerdau e Usiminas afirmaram, por meio de nota ao DCI, que apoiam a decisão para o "restabelecimento das alíquotas de importação".

A primeira disse que "também acredita que a medida, diante do atual cenário de crise, trará impacto positivo para a siderurgia brasileira".

A mesma alegação foi adotada pela Usiminas, que salientou que a "medida representa uma das contribuições necessárias ao fortalecimento da siderurgia brasileira, que atualmente tem enfrentando drástica redução de demanda, agravada pelo aumento das importações".

De acordo com, números do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), nos primeiros cinco meses do ano entraram 928 mil toneladas de produtos siderúrgicos importados no mercado brasileiro, um volume 5,6% maior do que o anotado em mesmo período do ano passado, mesmo com o consumo menor de aço do País em 2009. Também procurada, a CSN afirmou à reportagem que não se manifestará sobre o assunto.

De outro lado, a crise trouxe junto aos grandes consumidores de aço a expectativa de queda do preço do aço para acompanhar, assim, a demanda mais baixa. "Nós somos contra qualquer proteção para as matérias-primas, principalmente o aço", afirmou o diretor de mercado interno e vice-presidente da Abimaq, José Velloso.

O executivo afirmou que, de acordo com projeções da entidade, o preço do aço brasileiro está entre 30% a 60% mais alto do encontrado fora do País. "Essa medida vai trazer mais falta de competitividade da cadeia produtiva. O governo está protegendo o aço, que tem baixo valor agregado", disse Velloso.

O executivo da Abimaq afirmou, ainda, que um grande medo é que o "preço do aço no mercado interno aumente ou deixe de cair". Segundo ele, a indústria de máquinas e equipamentos utiliza o aço produzido nacionalmente para suas atividades.

O mesmo é alegado pela indústria da construção civil. "A construção civil não tem como prática a importação de produto internacional, principalmente o aço", afirmou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sérgio Watanabe.

"A medida vai inibir a importação do aço e isto poderá fazer que o aço se mantenha elevado", afirmou Watanabe. Segundo o presidente do Sinduscon, o setor já começa a se mobilizar para pressionar a redução do preço do aço.

O setor da construção civil, juntamente com as indústrias de máquinas e equipamentos e o setor automotivo são responsáveis por grande parte do consumo nacional de aço.

Já o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, acredita que "não há espaço nas usinas nacionais para mexerem no preço", devido, principalmente, à capacidade ociosa ainda existente nas usinas.

Loureiro afirmou que já existe no mercado brasileiro uma movimentação de ajuste de preços do aço. Segundo ele, a chapa grossa já caiu cerca de 30% enquanto bobinas à quente, de 20% a 25%. Ele lembrou, no entanto, que a queda de preços prejudica a cadeia, por obrigar as empresas a espremerem suas margens.

Procurada, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa outro grande consumidor de aço, afirmou que ainda não fez uma análise sobre a questão.

Fonte: DCI

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