Corte no Minha Casa derruba ações de construtoras
Empresas que não utilizam os recursos também registraram queda nos papéis
03 de março de 2011 - O corte de R$ 5,1 bilhões no programa Minha Casa, Minha Vida, anunciado na segunda-feira pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, causou um efeito cascata no desempenho das ações de construtoras na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa). Até empresas que não utilizam os recursos registraram queda nos papéis.
Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, principal indicador da Bolsa brasileira, a maior queda foi a da MRV Engenharia, que apresentou retração de 5,30% em suas ações ordinárias (com direito a voto). A segunda maior desvalorização veio com os papéis ON da Cyrela Realty, com retração de 2,64%.
De acordo com a equipe de análise da Socopa Corretora, essa é uma medida que vai prejudicar as empresas que trabalham com o programa. Entretanto, algumas companhias acabaram sofrendo sem que estejam participando. "O mercado precificou por igual. O pacote ainda vai ser maior, ainda é necessário saber qual será o subsídio. Mesmo assim acreditamos que o setor é favorável", explica a equipe da Socopa.
A principal prejudicada é a MRV. No quarto trimestre do ano passado, as vendas contratas contavam com 80% do programa Minha Casa, Minha Vida. Além disso, nos lançamentos a participação do benefício do governo chega a 74% do total. "Por outro lado, temos empresas como a Even, por exemplo, que não utilizam os recursos e acabaram caindo no pregão", afirma. A ação ON da Even caiu 2,59%.
No pregão de 28 de fevereiro, as ações ordinárias da PDG Realty também finalizaram com queda (-1,08%). A empresa possui 30% de suas vendas no programa Minha Casa, Minha Vida. As ações ON da Rossi Residencial encerraram com desvalorização de 2,27%, enquanto a ação ON da Gafisa caiu 1,25%.
"Não devemos ver as ações das empresas do setor de construção penalizadas no médio e longo prazo. Esta é uma movimentação de curto prazo", acrescenta a equipe da Socopa.
Os analistas lembram ainda que as empresas de construção estão muito expostas ao capital externo, ou seja, 70% dos recursos investidos nos papéis das companhias vêm de investidores não residentes no Brasil.
A corretora Banif está recomendando a compra de ações do setor para o mês de março. Entre as indicações estão: MRV ON, com peso de 5% na carteira e PDG Realty ON, também com peso de 5% na carteira. Na justificativa a corretora afirma que "desde a segunda quinzena do mês, os investidores começaram a vender, devido aos crescentes receios de que a inflação esteja saindo do controle e de que as taxas de juros (Selic) precisarão subir mais que o estimado enquanto os bancos deverão restringir empréstimos. Estes dois fatores tendem a afetar o negócio imobiliário, embora menos do que os investidores preveem", diz o documento.
No caso da PDG, o Banif explica que "no início de janeiro, a PDG anunciou que atingiu um valor líquido de vendas contratadas e lançamentos no quarto trimestre de 2010 em linha com as indicações dadas, o que desencadeou uma alta de 5% no preço da ação...as ações do setor imobiliário, incluindo a PDGR3, caíram, a nosso ver, em uma reação exagerada. Por este motivo, mantemos a PDGR3 em nossa carteira sugerida".
A equipe de análise da Socopa alerta ainda para uma possível janela para aplicação as ações das companhias do setor de construção que acabaram caindo no efeito manada dos investidores, mas que não dependem dos recursos do programa, com é o caso dos papéis ON da Even.
No pregão de ontem, os papéis de construtoras voltaram a figurar entre as maiores quedas do Ibovespa. A ação ordinária da Cyrela Realty encerrou com retração de 4,77%, seguida pelas ações ON da Rossi Residencial, com desvalorização de 4,65%. Gafisa ON também voltou a cair, finalizando o dia com queda de 3,32%.
Fonte: DCI - SP