Crédito para casa própria deve alcançar R$ 41 milhões este ano
Programa do governo e crise levam CEF a prever concessões recordes
04 de dezembro de 2009 - A retração de outros bancos na concessão do crédito imobiliário por causa da crise e o programa Minha Casa, Minha Vida serão responsáveis por recorde histórico da Caixa Econômica Federal neste ano. O banco, que registrou R$ 39,3 bilhões em contratações imobiliárias até 30 de novembro, estima chegar aos R$ 41 bilhões até o fim do mês, contra os R$ 23,3 bilhões liberados em 2008.
Os dados foram divulgados ontem pelo vice-presidente da instituição, Jorge Hereda. A primeira meta para 2008 havia sido de R$ 27 bilhões. Essa projeção subiu para R$ 30 bilhões, depois para R$ 38 bilhões, e agora a estimativa é chegar aos R$ 41 bilhões. Até agora, o volume de contratações cresceu R$ 15,7 bilhões em relação ao previsto no início do ano, e ficou 93% acima do mesmo período de 2008. Ao todo, foram beneficiadas 756.607 famílias, 42% delas com renda de até cinco salários mínimos.
"O mercado achou que a crise desestimularia as pessoas a comprarem a casa própria ou o mercado a lançar imóveis. O Minha Casa, Minha Vida provou o contrário. O bom resultado se deve aos esforços em manter os mesmos prazos e taxas de juros durante a crise. Foram disponibilizados R$ 20 bilhões em recursos próprios, mais a faixa livre da poupança para garantir crédito", disse ele.
Responsável por 74% dos créditos habitacionais do país, o banco fez, só no mês passado, 5.721 financiamentos por dia, contra 3.333 contratos diários ao longo de 2009. O aumento é de 73,2% comparado à média, no ano anterior, de 1.924. Em número de unidades financiadas, o total é de 84% do mercado. Do total dos empréstimos até novembro, os financiamentos com recursos do FGTS cresceram 46%, ou R$ 14,9 bilhões, enquanto financiamentos com recursos próprios saltaram 119%, ou R$ 20,3 bilhões. Até novembro, a inadimplência no setor se manteve dentro da média histórica, que chegou a 2,1% em outubro, contra 1,9% em setembro.
Para 2010, a Caixa ainda não fechou as metas. Segundo Hereda, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) projetou expansão de 25% no setor. "Este ano, crescemos 20%. e acreditamos que podemos chegar no mesmo percentual. Mas o setor como um todo aponta para a continuidade do crescimento", disse.
Principal entrave no setor ainda é a burocracia
Apesar de ter sido apontado como um dos responsáveis pelo recorde, o Minha Casa, Minha Vida teve, até novembro, metas muito menores do que o esperado. De um milhão de novas moradias populares, foram fechados 176.379 contratos, num valor de R$ 11,17 bilhões. A maioria, 102.585, segundo o banco, foi para mutuários na faixa até três salários mínimos. Para essa faixa, a meta é de 400 mil casas.
Segundo Hereda, a burocracia no processo de liberação dos financiamentos - desde a prospecção, aprovação de plantas, documentação, análise dos terrenos/imóveis e a liberação do crédito - são as principais dificuldades que o setor encontra para chegar às metas. Porém, parcerias com estados e prefeituras, como ocorre em Rio e São Paulo, além das melhorias nos processos internos do banco vêm diminuindo o prazo de dois anos para seis meses, no mínimo. Ou até menos, no caso do interessado que procurar diretamente as construturas que já têm processos pré aprovados.
Fonte: O Globo