Crescimento de 10,7% da construção é expressivo, diz Sinduscon
Levantamento mostrou números no período acumulado de 12 meses
14 de dezembro de 2010 - A divulgação do PIB do terceiro trimestre trouxe a confirmação daquilo que os indicadores de emprego já mostravam: um crescimento de 10,7% da construção civil, no período acumulado de 12 meses. Note-se que o IBGE, em seus levantamentos trimestrais sobre a evolução do PIB, leva em conta a produção dos materiais de construção. Só na divulgação dos dados anuais entram outras variáveis, como o valor adicionado pelas construtoras. De qualquer forma, o crescimento de 10,7% é expressivo e bate com a previsão divulgada pelo SindusCon-SP, de que a indústria da construção civil deverá fechar este ano com um crescimento de 11%.
Já na comparação do terceiro trimestre com o segundo, a construção civil registrou queda de 2,3%, acompanhando o declínio também constatado na indústria de transformação, de 1,6%.
Como estamos falando do desempenho da indústria de materiais de construção, tem-se aí um indicador de diminuição da produção industrial nacional, que acontece junto com o aumento das importações favorecido pela taxa de câmbio.
Importações são saudáveis para a economia de mercado e, no caso da construção civil, contribuem para arrefecer ímpetos inflacionários nos preços dos materiais. Contudo, não há crescimento sustentável sem uma indústria forte e competitiva, gerando emprego e consumo. A persistência da taxa de câmbio atual vai na direção contrária, estimulando a desindustrialização.
O real segue apreciado por conta da elevada taxa de juros, a mais alta do mundo. Ela continua atraindo o grande volume de capitais externos em busca de aplicações financeiras rentáveis, mesmo com o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras.
Como o mercado tem dado indícios de que esta taxa não cairá tão cedo por conta da elevação da inflação, o risco de desindustrialização se mantém. O ministro da Fazenda deste e do próximo governo, Guido Mantega, tem sinalizado a intenção de operar um profundo corte nas despesas federais a partir de janeiro. Seu objetivo, louvável, é o reequilíbrio das contas públicas para possibilitar a queda dos juros, condição básica de um crescimento econômico sustentável.
O ministro da Fazenda reafirmou na semana passada que os cortes ocorrerão até nos investimentos futuros do PAC, priorizando em 2011 a conclusão dos contratos de obras já em andamento.
Uma vez que a execução das obras do PAC registra considerável atraso, é correto priorizar a conclusão daquilo que está em execução. Mas retardar a ampliação futura da infraestrutura poderá ocasionar novos problemas ao desenvolvimento do país e desestimulará mais a indústria. Espera-se que o novo governo comece logo com um banho de produtividade na administração pública, acompanhado da eliminação total dos seus desperdícios.
Fonte: Folha de São Paulo