Crise financeira freia expansão dos shopping centers
De 23 projetos previstos para o próximo ano, apenas 10 saíram efetivamente do papel
16 de junho de 2009 - A crise financeira global fez com que mais da metade dos projetos de shopping centers não saísse do papel. De 23 empreendimentos que começaram a ser desenhados, 13 foram adiados e apenas 10 se transformaram efetivamente em obras.
Desse total, só seis têm inauguração prevista para o ano que vem, aponta um levantamento da Associação Brasileira dos Lojistas de Shoppings (Alshop). Para 2010 como um todo, deverão ser abertos 22 shoppings, dos quais 16 já tinham obras iniciadas quando a crise de crédito se instalou.
"A crise afetou os novos empreendimentos, especialmente dos grupos menos capitalizados", afirma o presidente da entidade, Nabil Sahyoun. De acordo com o executivo, em épocas normais, 80% dos projetos se concretizam. Mas, com a escassez de crédito oferecido pelos banco privados, esse índice se reduziu.
Outro indicador que reflete a maior cautela por parte dos empresários é o aumento no índice de vacância de lojas nos shoppings que estão sendo inaugurados. "Antes de setembro, o índice de vacância girava em torno de 10%. Hoje, está em 20%", conta Sahyoun.
Apesar dos empresários demonstrarem uma certa prudência para dar sinal verde a novos negócios, neste ano serão inaugurados 26 shoppings no País, dos quais 20 só no segundo semestre.
"Pela primeira vez em dez anos são abertos 20 empreendimentos em seis meses", observa o presidente da Alshop. Ele destaca que os investimentos nos shoppings abertos entre julho e dezembro podem chegar a R$ 750 milhões. No ano, a cifra atinge R$ 1 bilhão, incluindo os seis shoppings inaugurados já no primeiro semestre.
Sahyoun argumenta que o boom de inaugurações neste ano ocorre porque a maioria dos empreendimentos já estava em construção quando as dificuldades de crédito começaram a aparecer. "O grande número de inaugurações reflete uma situação pré-crise."
O Shopping União de Osasco, do Grupo Savoy, que abriu as portas na semana passada, é um exemplo de empreendimento que estava praticamente delineado quando a crise chegou no fim do ano passado. Com 265 lojas e 264 mil metros quadrados de área construída, o empreendimento consumiu investimentos de R$ 200 milhões.
Retomada
Com a perspectiva de retomada da economia prevista para o segundo semestre, Sahyoun acredita que o otimismo voltará ao setor. Esse será um dos temas em debate na 9ª Brasilshop - Feira e Congresso Internacional do Varejo, que acontece entre amanhã e sexta-feira em São Paulo. O evento, patrocinado pela Alshop, vai colocar em pauta as grandes tendências do mercado.
Para o sócio líder da área de atendimento a empresas de bens de consumo da consultoria Deloitte, Altair Rossato, o potencial de vendas do setor de shoppings é superior ao das lojas de rua.
"Os shoppings têm grande potencial de impulsionar o consumo porque ele captura a compra por impulso. Já nas lojas localizadas em ruas de comércio especializado, a compra é muito mais pontual e racional", diz o especialista.
Ele destaca também que o grande potencial de vendas para os shoppings está em cidades do interior do País, em especial aquelas com menos de 200 mil habitantes.
Um levantamento feito pela consultoria revela que, de 37 empreendimentos lançados até 2010, cerca de 20 estão localizados em cidades do interior. O destaque fica para o interior paulista, que concentra sete empreendimentos.
"O interior virou a menina dos olhos dos empresários de shoppings", diz o consultor. Ele destaca que muitas empresas de vários setores migraram das capitais para cidades menores, ampliando o potencial de consumo da população local.
Além disso, a riqueza criada pelo agronegócio, puxada pelo forte crescimento dos preços agrícolas, ajudou a fortalecer o consumo.
Fonte: O Estado de S. Paulo