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Crise já é passado para Tigre e Amanco

Texto: Redação AECweb

Fabricantes de tubos e conexões estão trabalhando aos domingos para atender encomendas

15 de setembro de 2009 - Os primeiros meses do segundo semestre mostram que o setor de tubos e conexões deixou de vez a crise econômica mundial para trás. Com alta demanda principalmente do segmento predial, as empresas voltaram a contratar, aumentaram a jornada em parte de suas unidades em Joinville, um dos principais polos de fabricação deste segmento no país, e já há estimativas de um terceiro trimestre mais forte do que no ano passado.

"Houve recorde de produção em todas as nossas unidades em agosto", comentou Marise Barroso, presidente da Amanco. "O presidente Lula foi criticado por dizer que a crise no Brasil seria uma marolinha, mas foi o que ocorreu. O governo colaborou muito para que a situação fosse de estabilidade", disse Marise, citando as isenções de IPI para vários setores, inclusive o de construção, queda dos juros e o programa Minha casa, Minha vida, para construção de moradias.

As encomendas estão sendo impulsionadas principalmente pela autoconstrução (as pessoas fazendo suas próprias casas). "E este é um mercado muito vinculado à empregabilidade. Se há segurança no emprego, as pessoas investem em suas casas. Hoje, a expectativa de empregabilidade está positiva, muitos setores estão retomando volumes e o varejo está com menos medo de não ter rotação de estoque." A Amanco já espera que o terceiro trimestre deste ano seja melhor do que o terceiro trimestre de 2008. Para o ano, a previsão da empresa é crescer 12%.

O enfraquecimento da crise econômica mundial levou tanto a Amanco quanto a Tigre a adotar recentemente o regime 6X2 em algumas linhas de produção em Joinville. Isso significa que parte dessas unidades passou a operar também aos domingos. Os funcionários trabalham seis dias e folgam dois.

A Amanco adotou 6X2 em 50% da unidades do bairro Floresta e em 20% da fábrica localizada no Glória. A empresa também ampliou as horas extras principalmente na distribuição. Além das unidades em Joinville, em junho a Amanco adotou o 6X2 em Sumaré (SP) e, em agosto, o implantou também em Suape (PE).

Já a Tigre colocou o 6X2 também em algumas linhas das unidades em Joinville, mas não revela o percentual. "O ano está muito melhor do que se imaginava que ele poderia ser", disse o presidente da empresa, Evaldo Dreher. No ramo predial, a Tigre teve em julho e agosto "um desempenho acima do orçado", ainda que no segmento de infraestrutura esteja abaixo do esperado. Para o ano, a estimativa da Tigre é crescer 6%.

Segundo Dreher, o ramo de infraestrutura não decolou tanto como se esperava por conta da morosidade dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas ele acredita que isso poderá mudar no ano que vem. A Tigre já faz planos de aumento de capacidade de 20% para 2010, acreditando na continuidade de uma tendência positiva para o setor. Ele deverá investir, no total, R$ 200 milhões em 2010, volume maior do que os R$ 150 milhões investidos em 2009. Este ano, a empresa ampliou em 15% a capacidade.

Já a Amanco, que aumentou sua capacidade em 20% neste ano, ainda não tem traçados os planos para 2010, mas Marise diz que o orçamento poderá ser mais robusto do que em 2009. Os investimentos da empresa este ano foram de R$ 111 milhões.

Na opinião do presidente do sindicato dos trabalhadores do setor plástico de Joinville, Reinaldo Schroeder, não há mais sinais de crise no setor de plástico da cidade. Ainda que seja preciso ponderar a sazonalidade do setor, que tem um segundo semestre sempre mais forte e o fato de os ramos ligados à construção terem sofrido menos com a crise, ele se mostra surpreso com o movimento. "As empresas estão a todo vapor", diz. "Algumas chegaram a ser notificadas por excesso de horas extras. Acredito que esteja ocorrendo uma retomada firme do emprego", acrescenta.

Segundo ele, no pior momento da crise, entre outubro de 2008 e março deste ano, houve momentos em que as demissões no setor plástico como um todo chegaram a 200 pessoas por semana.

Schroeder estima que o total de contratações no setor plástico local nos últimos 90 dias chegou a cerca de 1 mil pessoas. Dessas, 300 foram do ramo de tubos e conexões, considerando também as empresas de menor porte.

A Amanco, que tem hoje 934 pessoas em Joinville, contratou 35 funcionários. Já a Tigre, que possui 1350 trabalhadores em Joinville, contratou 150. O volume ainda é pequeno perto do tamanho dessas empresas, mas, segundo elas, não houve cortes em massa durante a crise. "As maiores seguraram funcionários, chegaram a fazer pequenas contratações no início do ano, mesmo na crise, mas agora voltaram com mais intensidade", diz Schroeder.

A Víqua, que fabrica itens plásticos como torneiras e produtos de irrigação, não conseguiu segurar todos os empregados na crise e chegou a demitir 90 pessoas. O volume de contratados nos últimos 90 dias, no entanto, já chegou a 130 pessoas, superando o número de demitidos.

"Considero que a crise acabou. Já temos alguma normalidade nas encomendas", diz Daniel Alberto Cardozo Jr, diretor-presidente da Víqua. A produção em agosto cresceu 3% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando a empresa havia batido seu recorde naquele ano. "Foi um ótimo sinal", destacou. Hoje, a Víqua está com 400 funcionários e deve encerrar o ano com 415.

A empresa também está ampliando o volume de horas extras dos funcionários e, eventualmente, deverá ligar parte dos maquinários aos fins de semana. "A retomada está sendo muito rápida. Há alguns meses mal sabíamos como seria o desfecho da crise. Creio que foi mais uma crise psicológica no Brasil."

Fonte: Valor Online

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