Curitiba terá recorde no crédito imobiliário
Em 2010, o volume de financiamentos para o setor imobiliário deve chegar a R$ 3 bilhões na capital paranaense e região metropolitana
11 de março de 2010 - Nunca houve tanto crédito para comprar imóvel na região de Curitiba como em 2010. Estima-se que o volume de recursos para financiamentos, entre os bancos privados e públicos, possa chegar próximo de R$ 3 bilhões em 2010.
Somente a Caixa Econômica Federal - responsável por 70% dos financiamentos de habitação no país - deve liberar R$ 2 bilhões para a compra da casa própria em Curitiba e região metropolitana.
O volume representa um crescimento de 42% sobre o que foi emprestado em 2009, que já foi considerado muito forte pelo setor. A projeção é que esses recursos financiem 30 mil unidades habitacionais em 2010.
Curitiba vem registrando um crescimento de financiamentos acima da média brasileira. A retomada do setor da construção civil nos últimos três anos recolocaram a cidade no mapa do crédito imobiliário. No ano passado, o crescimento de 128% nos financiamentos da Caixa na região superou a média nacional, de 102%.
Se confirmados, os R$ 2 bilhões em financiamentos previstos para 2010 vão representar um aumento de nove vezes em relação ao emprestado em 2005 (R$ 223,5 milhões).
"Tudo aponta para um novo recorde. O momento do mercado é muito bom, ao combinar a grande oferta de crédito com o aumento do número de lançamentos", diz Gueber Roberto Laux, gerente regional de negócios da Caixa Econômica.
Parte desse desempenho deve ser alavancado pelo "Minha Casa, Minha Vida", programa de habitação popular lançado em abril do ano passado e que deve construir 1 milhão de unidades até o fim de 2010 em todo o país. Na região de Curitiba, a meta é lançar 15 mil unidades.
Concorrência
Embora a Caixa domine o mercado, os bancos privados ensaiam uma atuação mais agressiva em 2010. Estima-se que essas instituições colocarão um volume de crédito até 50% maior do que no passado - cerca de R$ 1 bilhão - para o mercado imobiliário na região de Curitiba.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Hamilton Pinheiro Franck, alguns bancos estão projetando até mesmo dobrar os financiamentos com recursos da poupança. De acordo com ele, a alienação fiduciária, que consolidou a garantia de retomada do imóvel no caso de inadimplência, trouxe mais segurança para as operações.
Praticamente todos os grandes bancos reduziram suas taxas nesse segmento. "Há até guerra de taxas. Tem banco que está cobrindo a oferta do concorrente", diz Gerson Carlos da Silva, diretor-geral da Galvão Planejamento Imobiliário e Vendas.
Déficit
O déficit habitacional e a demanda que precisará ser atendida nos próximos anos, além da melhora do cenário econômico, ajudaram a colocar o mercado imobiliário na lista de prioridades.
Esse tipo de crédito é o que mais tem potencial para crescer nos próximos anos - representa hoje cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, bem inferior à proporção encontrada em países como Chile (11%), México (15%), Espanha (60%).
O advogado Marcelo Fernandes aproveitou o bom momento para comprar três salas comerciais, avaliadas em R$ 800 mil, e trocar o escritório alugado pelo próprio. A obra fica pronta em 2013. "Vou pagar uma parte com carta de crédito de consórcio, outra com financiamento e outra parte com aporte próprio. Há três anos era impensável uma situação como essa", afirma.
O aumento do crédito também vem acompanhando o forte crescimento do número de lançamentos. A Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) no Paraná (Ademi-PR) prevê que a oferta de imóveis residenciais em 2010 será a maior dos últimos cinco anos.
Serão 8,5 mil lançamentos em Curitiba, 18% mais do que no ano passado. A oferta total - entre imóveis novos e estoques residenciais e comerciais - será de 14 mil unidades, 20% maior do que no ano passado, segundo o presidente da entidade, Gustavo Selig.
Segundo Marcos Kahtalian, consultor do Sinduscon-PR e professor do FAE Centro Universitário, muitas empresas represaram lançamentos no ano passado, principalmente no primeiro semestre, em função da crise. Este ano, com a projeção de crescimento da economia, as empresas estão acelerando os lançamentos.
A construtora Héstia vai lançar seis novos empreendimento em 2010, com Valor Geral de Vendas (VGB) de R$ 50 milhões, o dobro do ano passado. Na Galvão Planejamento Imobiliário e Vendas, a oferta de imóveis novos também deve dobrar, para 34 novos empreendimentos. O volume de imóveis entregues tambem deve aumentar, ajudando a impulsionar o mercado de usados.
Preço do metro quadrado sobe até 20% no ano
Quem está à procura de um imóvel vai encontrar mais crédito e mais oferta de lançamentos, mas também preços mais salgados. A combinação entre demanda aquecida, aumento de custos, recomposição das margens das construtoras e disparada dos preços dos terrenos inflacionaram o valor de venda dos imóveis.
Em 2009, o preço dos apartamentos novos com três dormitórios em Curitiba aumentou em média em 12%, segundo pesquisa instituto Inpespar, entidade ligada ao Secovi -PR. Os imóveis residenciais usados tiveram reajuste de 19,5%. Para o presidente da Ademi no Paraná, Gustavo Selig, 2010 vai ser mais um ano de valorização, com o aumento de 18% a 20% no preço do metro quadrado de área total.
De acordo com ele, o setor da construção passou alguns anos apresentando baixa oferta de lançamentos, o que gerou uma demanda reprimida que agora ajuda a impulsionar as vendas. Apesar do aumento da oferta - serão 8,5 mil lançamentos nesse ano - a demanda anual da cidade é para 9,6 mil empreendimentos, de acordo com Selig. "A recuperação do setor vai continuar e a valorização anual deve se manter próxima dos 18%, 20%, nos próximos quatro anos".
Fonte: Gazeta do Povo – PR