Custo alto reduz valor de ação de construtoras
De acordo com analista, empresas enfrentam uma pressão de custos acima do que o INCC
31 de março de 2011 - As ações de construtoras vêm registrando queda em 2011. Segundo analistas ouvidos pela Folha, as causas são tanto internas como macroeconômicas: pressão de custos, sobretudo de mão de obra, combinada com inflação mais alta, aumento dos juros e a saída do investidor estrangeiro do setor.
De acordo com a consultoria Economatica, os papéis ON da Gafisa registram queda de 17,19% no ano. As ações da PDG Realty caem 10,83%, e as da MRV Engenharia têm queda de 18,07%.
A Rossi tem baixa de 8,72% em 2011, e a Brookfield, de 6,36%. A Even registra queda de 5,35% no ano, e a Direcional , de 20,34% no período. As ações ON da Cyrela caem 31,40%. Já a Tecnisa sobe 3,79%.
Para Flávio Queiroz, analista do setor de construção civil do Santander, as empresas enfrentam uma pressão de custos acima do que o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) repõe.
"O setor cresceu demais nos últimos cinco anos, a mão de obra está cada vez mais escassa, e o reajuste dos salários começou a ser acima do dissídio negociado pelo sindicato", diz Queiroz.
Para Erick Scott, analista da SLW Corretora de Valores, a sinalização de uma desaceleração da economia contribuiu para a queda.
"Com o aumento do compulsório e depois dos juros, o governo começou a sinalizar que poderia haver apertos monetários mais fortes para conter a inflação. Então o investidor tirou o pé das ações de construtoras", diz.
O investidor estrangeiro também saiu, com medo de que a alta de juros provocasse uma queda na demanda, segundo Queiroz.
Houve também um corte no orçamento do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. "Apesar de só ter impacto em algumas empresas, o mercado leu como se isso impactasse todo o setor", diz Queiroz.
Fonte: Folha de S. Paulo - SP