Custo da mão de obra na construção ultrapassa 12% no período de 12 meses
Mão de obra em Salvador acumula alta de 12,13% e, em Porto Alegre, o aumento chega a 12,91%
26 de abril de 2012 - Os reajustes de mão de obra no setor de construção continuam avançando, apesar da perda de ritmo da inflação. Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que nos Estados em que já houve acordo salarial neste ano, o aumento de custos com a folha de pagamento ultrapassa 12%, patamar que não era visto desde 2004.
Nos 12 meses encerrados em abril, a mão de obra em Salvador acumula alta de 12,13% e, em Porto Alegre, o aumento chega a 12,91%. Os percentuais superam a taxa de 11,76% apurada no conjunto das sete capitais pesquisadas para o INCC-M no período e ficam muito acima da inflação oficial. Em 12 meses até março, o IPCA apresenta alta de 5,24% e na mesma base desde setembro de 2011.
Considerando que a inflação no país está se desacelerando, os reajustes salariais estão realmente altos", avalia Ana Castelo, coordenadora de estudos de construção civil da FGV. Em Salvador, o reajuste foi de 8% neste ano, enquanto em Porto Alegre foi concedido aumento antecipado que varia de 4,53% a 5,59%. A data-base da categoria no Estado é junho.
No Rio, o acordo coletivo fixou aumento de 9% para os trabalhadores da construção em março, fator que foi captado apenas parcialmente pelo INCC-M de abril. No acumulado de 12 meses, a mão de obra no Estado tem alta de 9,72%.
Já São Paulo, que tem maio como mês de reajuste salarial na construção, aponta elevação de 10,32% na mão de obra do setor em 12 meses. Em 2011, os trabalhadores tiveram aumento de 9,75%. Os reajustes praticados em Salvador e no Rio de Janeiro neste ano devem servir como referência para as negociações salariais em São Paulo.
Ana explica que a escassez de trabalhadores qualificados no mercado esquenta as discussões. As empresas têm limites para repasse de custos e em muitas obras há pouca margem de manobra, devido a valores acordados previamente. "O resultado é um jogo de forças entre os dois lados. Como as obras precisam ser concluídas, e já há dificuldade de contratação de profissionais, os reajustes têm ficado altos."
Diversas construtoras do segmento imobiliário já sofrem com ações judiciais devido a atrasos na conclusão de seus empreendimentos, conforme reportagem publicada quarta-feira no Valor. A coordenadora da FGV, entretanto, acredita que isso não tirará o vigor do segmento. "Os indicadores de confiança mostram que o setor está bastante otimista."
Em março, o Índice de Confiança da Construção registrou o maior nível desde setembro de 2011, ao marcar 129,9 pontos, puxado pela melhora nas expectativas para os próximos seis meses. O INCC-M, por sua vez, subiu 0,83% entre março e abril, estimulado pela alta de 1,08% em mão de obra no período. Nos 12 meses finalizados em abril, o indicador avançou 7,94%.
Serviços e materiais e equipamentos têm segurado a alta do INCC-M. Nos últimos 12 meses, as elevações de preços nessas categorias foram de 5,30% e 4,06%, respectivamente. Entre março e abril, os aumentos foram de 0,32% e 0,65%.
Fonte: Valor Econômico