Custo de construir dobra em maio
INCC-M, da Fundação Getulio Vargas, dispara e sobe de 0,75% em abril para 2,03%. Reajustes da mão de obra pressionaram o setor
30 de maio de 2011 - Construir no Brasil está mais caro a cada mês, segundo dados divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em maio, o Índice Nacional de Custo da Construção de Mercado (INCC-M) mais que dobrou e atingiu 2,03%. A alta dos preços do setor em abril já tinha sido elevada, de 0,75%, em relação aos primeiros três meses do ano, quando o índice variou de 0,37% e 0,44%. No ano, o custo das obras no país disparou 4,04%. Em 12 meses, o INCC-M, que coleta preços em sete capitais, acumula alta de 8,18%.
A disparada da inflação da construção civil foi provocada, principalmente, pelos aumentos salariais resultantes da data-base dos trabalhadores do setor. O custo da mão de obra passou de 1,16% em abril para 3,70% em maio, o que pressionou o índice. Os preços dos materiais, equipamentos e serviços aumentaram em média 0,45%.
Brasília foi a cidade que mais contribuiu para a elevação do INCC-M de maio: os custos em geral cresceram 2,95% neste mês, contra 0,02% em abril. Os reajustes salariais na capital do Brasil também foram os mais altos: de 6,02%. Em São Paulo, esse percentual foi de 5,34% e, no Rio de Janeiro, de 4,23%.
Essa pressão de custos já afetou o crescimento do setor. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a política monetária também está tirando folêgo das construtoras. Na visão de Renato da Fonseca, gerente da Unidade de Pesquisas da entidade, a contenção dos gastos do governo e do crédito, inflação em alta e elevação da taxa básica de juros (Selic) estão derrubando o nível de atividade do setor. "Numa conjuntura como essa, as pessoas pensam duas vezes diante de um comprometimento grande e de longo prazo da renda", avaliou. Em pesquisa realizada pela entidade industrial, o nível de atividade do setor caiu 2,4% na comparação entre março e abril.
O que mais tem pesado para os construtores é a mão de obra, que, nos últimos 12 meses, encareceu 11,19%. No caso do profissional especializado, esse custo subiu mais que a média dos trabalhadores do setor, 12,73% no período. Até o próximo dia 10, a FGV divulga o INCC-DI, que é o indexador usado pelas construtoras para reajustar as prestações de imóveis adquiridos na planta, ainda em fase de construção. A diferença entre o INCC-M e o INCC-DI é somente o período de coleta dos custos.
Fonte: Correio Braziliense - DF