Desequilíbrio em meio à estabilidade no mercado da construção
Materiais de construção têm variação de preço de até 206% nas lojas do Rio
16 de agosto de 2010 - Em tempos de boom imobiliário, a estabilidade econômica não garante equilíbrio aos preços dos materiais de construção. A diferença entre os valores pedidos por um mesmo produto está batendo os 206%, como constatou pesquisa feita pelo Morar Bem em 20 lojas do Grande Rio. É o caso, por exemplo, do saco de areia, que pode custar entre R$ 0,65 e R$ 1,99.
No caso do tijolo de barro comum, com preços que variam entre R$ 0,52 e R$ 0,90, a diferença é de 73%. A argamassa cimentcola pode sair por R$ 7,10 ou até R$ 10,90, em variação de 53,5%. Mas esses são apenas alguns dos exemplos.
Para o diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (SindusconRio), Antônio Carlos Gomes, a variação de preço é um fenômeno típico do mercado varejista, que, no setor, ganha força à medida que aumenta o contingente do chamado consumidor "formiguinha".
Um reajuste endossado pela alta de 29,4% no volume de recursos financiados pela Caixa Econômica para a compra de material de construção no primeiro semestre. Foram R$ 2,2 bilhões, contra R$ 1,7 bilhões do mesmo período de 2009.
“Há muita especulação em função do aumento da demanda. É parte da lei da oferta e da procura. O consumidor final, diferentemente da construtora, tem de gastar sapato e ir às ruas pesquisar. No caso das empresas, que compram por atacado, não há grandes oscilações de preço, salvo os cotados em dólar”.
Na avaliação do presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Konz, as variações de preço são difíceis de ponderar e, na maioria das vezes, estão atreladas ao peso que o produto tem no faturamento da loja e ao serviço que é prestado ao cliente, como a cobrança ou não de frete. A localização do estabelecimento também influencia no preço final. “Em geral, as grandes redes saem na frente porque o volume de material comprado é grande. Com isso, elas ganham mais poder de barganha”.
Quanto ao tijolo, sustenta Konz, fator determinante é o produto estar - ou não - de acordo com as normas técnicas da ABNT. “Há muitas empresas de fundo de quintal que fabricam e revendem tijolos para lojas pequenas. Nesse caso, o preço costuma ser mais baixo porque o tamanho do tijolo não segue o padrão estabelecido. Economiza-se no preço mas, em compensação, gasta-se muito mais tijolos para cobrir uma mesma área. No fim das contas, o gasto é o mesmo”.
Segundo a associação, o Sudeste concentra 50% de todas as lojas de material de construção do país. É também o maior consumidor. São Paulo reúne 29% das lojas, seguido por Minas Gerais, com 11%. O Rio é o terceiro, com 8%.
Fonte: O Globo – RJ